Monitoramento da glicemia em pauta

Espaço Sinta-se Bem (Rua 15-A, 212, St. Aeroporto)

O Programa de Atenção à Saúde (PAS) tem aprimorado o cuidado com os beneficiários para promover mais qualidade de vida por meio de diversas atividades, entre elas, está o Acompanhamento de Pacientes Diabéticos, no Espaço Sinta-Se Bem. Por meio dessa ação, beneficiários portadores de diabetes mellitus são aconselhados a realizar o monitoramento da sua glicemia, através do exame de hemoglobina glicada, pelo menos duas vezes ao ano.

Para o médico cooperado Alberto Dias Filho, esse exame verifica se o paciente está bem controlado dentro das metas estipuladas e confirma a periodicidade de sua realização, pelo menos duas vezes ao ano. Caso o resultado revele qualquer alteração, o médico pode prescrever uma intensificação do tratamento, associado a medicações, reforçando a necessidade de controlar a alimentação e praticar atividades físicas.

O cooperado explica que a hemoglobina glicada, também chamada de A1C, é usada para diagnosticar e controlar o diabetes. Seu valor reflete a média das glicemias em um período de dois a três meses. As hemácias vivem exatamente esse tempo, então a A1C reflete a exposição da glicose nesse período. O diagnóstico de diabetes ocorre a partir de 6,5%, que reflete uma glicemia média de 140 mg/dl.

Alberto Dias Filho

“A meta estipulada para o controle deve ser, no máximo, de 7% para a maioria dos pacientes, o que corresponde a uma glicemia média estimada de 154 mg/dl. Este bom controle deve ser perseguido pelo paciente e pela equipe médica para diminuir os riscos de o paciente vir a apresentar complicações do diabetes como retinopatia diabética (que pode levar à cegueira), nefropatia diabética (que pode resultar em insuficiência renal), neuropatia diabética (que pode levar a dores, perda de sensibilidade, amputação de extremidades, disfunção erétil), além de diminuir o risco de infarto do miocárdio e Acidente Vascular Cerebral”, explica Alberto Dias Filho. Ele acrescenta ainda que o valor da hemoglobina glicada também é importante para guiar o tratamento, pois valores mais altos já exigem a utilização combinada de dois hipoglicemiantes orais, e valores ainda mais elevados, acima de 9%, podem, inclusive, recomendar o uso de insulina no início do tratamento.

Iniciativa pioneira

O ideal, ainda segundo o cooperado, seria que os pacientes diabéticos recebessem uma carteira onde fossem colocadas três letras: A, B, C:
A = Hemoglobina glicada (A1C), onde seria anotado o valor encontrado, de preferência, abaixo de 7%, o que revela bom controle.
B = Pressão arterial (blood pressure), que para a maioria dos pacientes diabéticos corresponde a uma meta de 130x90 mmHg.
C = LDL colesterol, cujo ideal para a maioria dos diabéticos seria de 100 mg/dl.

“Seria uma campanha do tipo ‘Conheça seus números’. O controle destes três parâmetros reduz a mortalidade cardiovascular e as complicações microvasculares. Portanto, devem ser controlados sempre e avaliados simultaneamente. Inclusive, essas metas ABC foram premiadas e incentivadas no Congresso Americano de Diabetes. Esta seria uma iniciativa pioneira da Unimed Goiânia que poderia ser difundida para outras unidades, como algo que realmente faria diferença nos desfechos de controle dos pacientes diabéticos. Uma carteira para os diabéticos com estes valores anotados também auxiliaria outros médicos, pois eles já saberiam se o paciente está bem controlado ou não, e cada um poderia reforçar essa necessidade do bom controle”, sugere o cooperado.

Para ele, a medida faria muita diferença. Em termos de redução da mortalidade, o mais importante é manter a pressão arterial controlada. Em segundo lugar, reduzir o colesterol LDL, usando estatinas, por último, manter a hemoglobina glicada controlada. Porém, para evitar as complicações microvasculares que mais amedrontam o paciente, como cegueira, hemodiálise e amputação, o mais importante é o controle da glicemia avaliado pela hemoglobina glicada.

José Garcia

Ao agradecer a sugestão do colega cooperado Alberto Dias Filho, o diretor de Recursos e Serviços Próprios II, José Garcia, informa que a equipe do Espaço Sinta-se Bem estuda a implementação dessa iniciativa.

Selma Trad

A diretora de Planejamento e Controle da Cooperativa, Selma Trad, afirma que os cooperados possuem um papel importante na conscientização dos pacientes a respeito de sua corresponsabilidade no controle do diabetes, por meio do incentivo ao uso correto da medicação prescrita, seguir a orientação dietética e praticar atividade física.

Pesquisa Datafolha

Uma pesquisa do Instituto Datafolha que realizou 2.090 entrevistas em todo o Brasil, distribuídas em 152 municípios, comprovou o que os médicos já veem no dia a dia, que o brasileiro sabe muito pouco sobre o diabetes.

Questionados sobre o conhecimento da doença, só 10% dos entrevistados citaram que ela pode causar a morte, 7% afirmaram que pode desenvolver cegueira e 7% disseram que a doença não tem cura. Ainda assim, as complicações foram o item mais citado por um total de 28% dos participantes do estudo.

Os sintomas estão em um segundo grupo de menções (24%), seguido por tratamento (19%) e alimentação (18%). Apenas 15% citaram espontaneamente que o diabetes causa aumento do nível de açúcar no sangue e 16% que a pessoa com diabetes não pode comer açúcar. Apenas 2% fizeram alguma menção a doenças cardiovasculares, principal causa de morte de quem tem diabetes.

A pesquisa foi realizada com a população em geral, de 16 anos ou mais, entre os dias 12 a 19 de maio de 2018, em 152 municípios. A margem de erro máxima para o total da amostra é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Hermelinda Pedrosa

"Infelizmente não ficamos surpresos com os resultados. A condição do paciente com diabetes no País é sofrível. Uma em cada duas pessoas com diabetes não sabe que tem a doença. Quando o diagnóstico é feito, portanto, há grande chance de já haver muitas complicações. O caminho do desenvolvimento do diabetes é traiçoeiramente silencioso", afirma Hermelinda Pedrosa, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes.

"A população precisa saber que a atividade física, a alimentação adequada e o combate a doenças como hipertensão e colesterol alto podem ajudar a prevenir o diabetes."

A pesquisa foi encomendada por uma coalizão que envolve farmacêuticas, ONGs e sociedades médicas que, juntas, lançam o Movimento para Sobreviver. A ideia é mostrar que, por causa da falta de cuidado adequado, a doença aumenta o risco de infarto do miocárdio e de AVC.

Entre os participantes estão as ONGs Associação Diabetes Brasil (ADJ), Associação Nacional de Atenção ao Diabetes (ANAD), Instituto Lado a Lado Pela Vida, Rede Brasil AVC, Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e as farmacêuticas Boehringer Ingelheim e Eli Lilly do Brasil.

A coalizão foi criada para promover reflexão sobre a oferta de drogas modernas para idosos com diabetes e doença cardiovascular, com o objetivo de reduzir mortes e evitar os altos custos do tratamento para o Estado.

A presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes afirma que os medicamentos mais modernos são mais caros do que as três classes oferecidas hoje pelo Sistema Único de Saúde, mas que é preciso avaliar seu custo-benefício em discussão ampla com gestores de saúde, sociedades médicas e associações de pacientes.

Fonte: Datafolha