O que influencia os custos médico-hospitalares?

Nos últimos anos, plano de saúde tem sido percebido como essencial para brasileiro

Com o objetivo de esclarecer os diferentes pontos que impactam na Variação de Custos Médicos Hospitalares (VCMH) e sua consequência para a saúde suplementar, o Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (IESS) publicou o levantamento intituladoTD 71 - A Variação de Custos Médicos Hospitalares (VCMH), um compêndio de estudos do IESS e uma atualização do tema, de autoria de Natalia Lara, Amanda Reis e Bruno Minami, que compila os principais fatores que influenciam o indicador no caso brasileiro e mundial.

Nos últimos anos, o plano de saúde tem sido percebido como essencial para o brasileiro. Além dele ser bem avaliado e recomendado pela maioria dos beneficiários, o plano de saúde é o terceiro item de desejo da população brasileira, logo depois da educação e da casa própria (Pesquisa IESS/Ibope 2017). Apesar de o nível de satisfação dos beneficiários de planos de saúde ter se mantido elevado, o setor de Saúde Suplementar enfrenta alguns desafios que ameaçam sua sustentabilidade a longo prazo, como, por exemplo, a alta variação dos custos médico-hospitalares, que tem se revelado um dos problemas mais persistentes e que impacta diretamente o beneficiário e as empresas contratantes de plano de saúde.

Os principais vetores de aumento da VCMH abordados no texto são os seguintes: a) judicialização; b) modelo de remuneração; c) ausência de transparência por parte dos prestadores de serviço de saúde sobre qualidade e segurança do paciente; d) incorporação de tecnologias em saúde; e) assimetria nos preços dos insumos; f) envelhecimento da população; g) modelo assistencial da saúde suplementar; h) fraudes e desperdícios; e i) regulação.

Com relevante papel no sistema de saúde nacional, ofertando serviços essenciais para aproximadamente um quarto dos brasileiros, a saúde suplementar tem indiscutível papel social e econômico no País. Sua manutenção e aperfeiçoamento é, portanto, ordem do dia na agenda de pautas e discussões em benefício da população nacional, já que sua sustentabilidade tem sido ameaçada pelas diferentes nuances citadas.

Além do Brasil, constata-se que, nos demais países que utilizam indicadores com metodologia semelhante, a VCMH é sempre superior ao índice de inflação geral. Essa comparação é realizada em dois outros textos de discussão do IESS (TD 52 – VCMH e inflação geral - Por que esses índices não são comparáveis no Brasil e no mundo, e TD 69 – Tendências da variação de custos médico-hospitalares: comparativo internacional).

A VCMH no Brasil tem seguido um padrão de comportamento bastante similar ao encontrado em diversos países do mundo, inclusive nas economias mais desenvolvidas e estáveis. Esse fenômeno impõe desafios à sustentabilidade econômica, financeira e assistencial dos sistemas de saúde público e privado.

Como explicitado nesse estudo, a elevação dos custos médico-hospitalares é um fenômeno global, mas há características particulares do caso brasileiro decorrentes de fatores como a regulação (falta de critérios claros de avaliação para incorporação de novas tecnologias); perfil dos prestadores (modelo de remuneração, falta de transparência, fraudes e desperdícios); perfil demográfico (envelhecimento populacional) e de comportamento (excesso de judicialização).

Esse trabalho reúne uma extensa gama de informações a respeito de cada um desses vetores da VCMH pesquisados ao longo dos mais de dez anos de atuação do instituto, no anseio de fomentar o debate de temas caros ao setor de saúde suplementar no País e produzir conhecimento e ferramentas para a melhor tomada de decisão em prol do aperfeiçoamento de toda a cadeia.

Se, de um lado, é importante que haja disseminação de informações sobre os pontos críticos do setor para que haja uma agenda efetiva de mudança; por outro, o conhecimento das diferentes áreas da sociedade acerca do tema também é de fundamental importância, impulsionando a transformação entre os variados agentes na busca pela eficiência dos setores de saúde público e privado.

É indispensável, por exemplo, a maior participação do Judiciário no que tange à propagação da correta instrução sobre os impactos das ações judiciais em todo o sistema de saúde, garantindo o correto embasamento técnico-científico no julgamento de diferentes casos.

Mais do que elencar e conhecer os vetores que influenciam os custos médico-hospitalares, é necessário compreender que cada um deles é consequência do modelo atual do sistema no Brasil, com latentes deficiências estruturais que continuarão a impactar no equilíbrio econômico, financeiro e assistencial do setor e, consequentemente, na vida de milhões de brasileiros.

Tanto consumidores quanto as empresas contratantes de planos de saúde têm sentido os efeitos de seguidos reajustes de dois dígitos. É um momento de aprofundamento do debate no que se refere à escalada dos custos e, portanto, cenário ideal para a criação de condições que auxiliem no crescimento sustentável de toda a cadeia produtiva da saúde suplementar nacional.

Breno de Faria

“O reconhecimento da importância das variáveis que atuam no mercado de saúde suplementar aponta para a necessidade de formalizar estudos consistentes sobre custos na saúde. A contribuição do IESS nesse campo é fundamental para isso, reunindo um banco de informações que ajudam a compreender a conjuntura”, afirma o presidente da Unimed Goiânia, Breno de Faria.

Sizenando da Silva Campos Jr.

Para Sizenando da Silva Campos Jr., diretor-financeiro, também é necessário levar em conta principalmente as grandes mudanças ocorridas no setor para refletir sobre a gestão de custos como instrumento de mudança organizacional para garantir a sustentabilidade.

Fonte: IESS e Unimed Goiânia.