Brasil terá a segunda maior inflação médica entre os países latino-americanos

A inflação médica nos países da América Latina em 2018 ficará 2,4 pontos percentuais acima da média global, enquanto os custos médicos hospitalares nos países latino-americanos terão um acréscimo médio de 11,5%. No mundo o reajuste será menor (9,1%), segundo estimativas do relatório internacional Medical Trends Around the World da consultoria Mercer Marsh Benefícios.

De acordo com o relatório, o Brasil terá o segundo maior índice entre os países latino-americanos, com uma inflação estimada em 15,4%, atrás apenas da Argentina com 26,0%. O levantamento é resultado de uma pesquisa com 225 operadoras de planos de saúde em 62 países da América Latina, América do Norte, Europa, Ásia, do Pacífico e Oriente Médio.

Outros países como Hungria, Sérvia, Qatar e Romênia também estão entre os países que terão os maiores reajustes dos custos médicos e hospitalares no mundo. Nessas nações, a inflação médica neste ano pode ser de até 12 pontos percentuais acima da inflação econômica, conforme a consultoria.

Incidência de doenças

O relatório Medical Trends Around the World aponta que o câncer e as doenças relacionadas ao aparelho cardiovascular e gastrointestinal estão entre as três enfermidades de maior risco no mundo. A saúde mental também aparece como o terceiro maior fator de risco.

Marcelo Borges

No Brasil, além do câncer, doenças relacionadas ao aparelho circulatório, à saúde mental, aos problemas ortopédicos e à obstetrícia também aparecem entre os maiores fatores de riscos. “As incorretas indicações cirúrgicas ortopédicas são hoje uma das principais causas do aumento dos custos”, afirma Marcelo Borges, diretor Executivo da Mercer Marsh Benefícios.

“Quando avaliamos dados de usuários de planos de saúde em nossa base, identificamos que o custo de uma população com doenças crônicas é de três a cinco vezes maior em relação ao custo de saúde de uma população saudável, considerando a mesma idade média”, complementa.

Alimentação e comportamento emocional

Medical Trends Around the World revela também que a dieta inadequada e o emocional estão entre os principais influenciadores do aumento do risco cardiovascular e metabólico. “No Brasil, esses fatores têm forte influência sobre o sinistro médico, pois têm relação direta com doenças que envolvem tratamentos complexos e de alto custo”, avalia.

“Já os fatores de risco emocional impactam mais nos custos indiretos com a saúde do que no plano médico. Transtornos mentais e comportamentais já são a terceira causa de incapacidade para o trabalho, correspondendo a 9% da concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, segundo dados do 1º Boletim Quadrimestral sobre Benefícios por Incapacidade da Secretaria de Previdência, do Ministério da Fazenda de 2017″, analisa.

Segundo a Mercer Marsh Benefícios, os afastamentos relacionados à saúde mental possuem uma média de 6,6 dias de afastamento do trabalho, enquanto a média relacionada a outras doenças é de aproximadamente 2,2 dias, índice três vezes menor que a média relacionada aos problemas de saúde mental”, compara.

Fatores que pressionam os custos

O relatório menciona novas tecnologias, medicamentos de alto custo e solicitação abusiva de exames como os três principais fatores que estão inflando os custos. As revisões do rol de procedimentos médicos a cada dois anos e o uso de materiais e medicamentos importados com preços atrelados ao dólar também impactam os custos médicos no Brasil. “Em nossos estudos vemos que a frequência de exames por usuário aumentou cerca de 40% nos últimos anos”, afirma.

Fraudes também são outro agravante. Dados do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) mostram que R$ 22,5 bilhões de gastos com plano de saúde vêm de fraudes ou gastos com procedimentos desnecessários.

Para conter a escalada dos custos, as operadoras têm realizado algumas ações:

• Criação e ampliação de pacotes para internações e passagens em pronto-socorro;

• Negociação com fornecedores de matérias de órtese e prótese;
• Fiscalização por meio da Auditoria médica;
• Implantação de centros de atendimento primário;
• Manutenção e fortalecimento da Rede referenciada ou verticalizada;
• Implantação de sistemas de segurança (token para confirmação de atendimento).

Breno de Faria

“A Unimed Goiânia está alerta a essa situação e tem adotado uma série de medidas já há vários anos para enfrentar a alta dos custos assistenciais e os fatores que aumentam os gastos de forma desnecessária. Entre elas, o controle do Índice de Solicitação de Exames, a medicina baseada em evidências, a metodologia DRG de controle de custos e da qualidade assistencial, o novo plano Personal e a implantação do modelo de Atenção Integral à Saúde”, enumera o presidente da Cooperativa, Breno de Faria.