Custo assistencial avança de 16,9% em 12 meses

O índice de Variação do Custo Médico-Hospitalar (VCMH) analisado pelo Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (IESS) registrou alta de 16,9% nos 12 meses, encerrados em março de 2018. Assim como tem ocorrido nos últimos anos e ao longo da série histórica do índice, o crescimento foi muito superior à oscilação da inflação geral do País medida pelo IPCA, que registrou aumento de 2,7% no mesmo período.

A VCMH se manteve superior à variação da inflação geral (IPCA), que foi de 2,7% para o mesmo período. Entre dezembro de 2017 e março de 2018, a VCMH/IESS apresentou uma tendência de crescimento, passando de 16,5% para 16,9%. Em março de 2017 o índice havia sido de 19,4%.

Análise da série histórica

Com relação à conjuntura econômica, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu no primeiro trimestre de 2018, em relação ao trimestre anterior, pelo quinto período consecutivo (Bacen, 2018), apresentando uma lenta recuperação que tem se refletido no mercado de trabalho. Na comparação em 12 meses (2° tri/17 a 2° tri/18), houve queda de 1,3% do número de trabalhadores com carteira assinada (Pnad Contínua/IBGE). Houve também queda na taxa de desocupação a partir do terceiro trimestre de 2017, que foi impulsionada pelo crescimento de empregados no setor informal.

A contratação de planos de saúde coletivos empresariais é diretamente influenciada pelo mercado de trabalho com carteira assinada. Esse tipo de contratação de plano de saúde representou 66,7% do total no segundo trimestre de 2018 (ANS Tabnet). Além disso, a redução da atividade econômica, com a economia operando com elevado nível de ociosidade (Bacen, 2018), levou a um processo de desaceleração da inflação. Nesse mesmo período, no setor de saúde suplementar, houve iniciativas de operadoras de planos de saúde médico-hospitalares que passaram a investir em programas de atenção primária e negociação de modelos prospectivos de pagamento a prestadores de serviços de saúde.

Com a VCMH dos planos individuais ao nível de 16,9% e a redução do número de beneficiários, há o aumento da preocupação com a sustentabilidade desse tipo de plano, principalmente num período de baixo crescimento econômico com lenta criação de emprego. Uma variável determinante e importante para aquisição de planos individuais é o rendimento da população ocupada. O rendimento apresentou no segundo trimestre de 2018 uma leve recuperação (0,8%) no aumento da renda média da população após um período de queda consecutiva na comparação em 12 meses.

VCMH por grupos de procedimentos

A variação é composta principalmente pela variação dos custos de internações, que possui o maior peso no índice, pois elas compõem 61% dos custos. A VCMH/IESS é composta ainda pelos seguintes procedimentos: exames complementares (13%), consultas (9%), terapias (11%) e outros serviços ambulatoriais - OSA (6%).

O item que apresentou maior VCMH foi OSA (27,4%), seguido por terapias, cujo índice foi de 26,6%. Internações, o item que compõe a maior parte da variação de custo, teve aumento de 16,7%. Consultas e exames tiveram variação de 9,5% e 10,1%, respectivamente.

Distribuição dos beneficiários por faixa etária

É possível verificar que as únicas faixas que não sofreram redução foram as de 19 a 23, 39 a 43, 54 a 58 e 59 anos ou mais. Na amostra de beneficiários utilizada para o cálculo da VCMH/IESS, em março de 2018, 29,7% dos beneficiários tinham 59 anos ou mais, sendo essa proporção bem parecida à relatada pela ANS para o conjunto de beneficiários de planos individuais no Brasil, 24,9% (ANS Tabnet).

Breno de Faria

“O controle da variação dos custos médico-hospitalares é um desafio mundial, e as iniciativas dependem de soluções adequadas às diversas realidades locais. Na Unimed Goiânia, temos discutido iniciativas para enfrentar o problema, e o novo modelo de atenção à saúde é uma delas, porque promove medidas de prevenção que reduzem o adoecimento e aumentam a qualidade de vida”, afirma o presidente da Cooperativa, Breno de Faria.

Selma Trad

A diretora de Planejamento e Controle, Selma Trad, destaca outros esforços como maior controle do ISE, fortalecimento dos Recursos e Serviços Próprios e busca de melhores negociações com fornecedores.

Nota metodológica

A VCMH/IESS é uma medida da variação do custo médico-hospitalar de operadoras de planos e seguros de saúde. O cálculo é feito para um conjunto de planos individuais (antigos e novos) de operadoras de abrangência nacional. O cálculo da VCMH apresentou para o período de 2018 uma amostra de 937,5 mil beneficiários ante a um milhão de benificiários em 2017. Essa metodologia é reconhecida internacionalmente e aplicada na construção de índices de variação de custo em saúde nos Estados Unidos, como o S&P Healthcare Economic Composite e Milliman Medical Index. Além disso, o índice VCMH/IESS considera uma ponderação por padrão de plano (básico, intermediário, superior e executivo), o que possibilita a mensuração mais exata da variação do custo médico-hospitalar. Ou seja, se as vendas de um determinado padrão de plano crescer muito mais do que de outro, isso pode resultar no cálculo agregado em VCMH maior ou menor do que o real, o que subestimaria ou superestimaria a VCMH.

O custo médico-hospitalar é resultado de uma combinação dos fatores frequência e preço dos

serviços de saúde. Dessa forma, se em um determinado período a frequência de utilização e o preço médio aumentam, o custo apresenta uma variação maior do que a variação isolada de cada um desses fatores. A variação do custo médico-hospitalar é calculada considerando o custo médio exposto em um período de 12 meses (média móvel) em relação às despesas médias dos 12 meses imediatamente anteriores. A média móvel expurga efeitos de sazonalidade. Entretanto, eventos que tenham acontecido em determinado mês acompanham o indicador durante 24 meses.