Unimed Goiânia é pioneira no uso de inteligência artificial para monitoramento de complicações de saúde

A Cooperativa apoia o desenvolvimento de um software que utiliza a inteligência artificial para analisar dados de acesso de beneficiários portadores de diabetes aos serviços de seu plano de saúde, como forma de prever a ocorrência de complicações de saúde, para evitá-las e garantir mais qualidade de vida e melhorar a atenção e o cuidado.

Paulo Magno do Bem

Conceitos da iniciativa inovadora foram apresentados no IX Simpósio Federação GO, TO e DF, pelo gestor médico de Inovação e Saúde da Unimed Vitória (parceria do projeto) e fundador da Sixth Labs (empresa de inovação em saúde), Paulo Magno do Bem.

O projeto de desenvolvimento de algoritmos preditivos foi idealizado por Paulo Magno do Bem e desenvolvido por dois pesquisadores do Instituto de Informática da Universidade Federal de Goiás (INF - UFG), Anderson Soares e Rafael Teixeira, a partir da tese de doutorado do primeiro, intitulada “Detecção e diagnóstico de falhas empregando técnicas de classificação de padrões com seleção de atributos”, com apoio da Unimed Goiânia há cerca de um ano atrás.

O sistema de inteligência artificial foi desenvolvido da seguinte maneira: a partir de informações coletadas pelo uso do cartão do beneficiário em anos anteriores, que mostram os serviços e procedimentos que ele utilizou, e também idade, peso, altura, hábitos alimentares, doenças familiares, prática de atividades físicas, foi feito um mapeamento da saúde destas pessoas que produziu um cálculo dos riscos e complicações que poderiam ocorrer.

Anderson Soares, um dos grandes expoentes de inteligência artificial no Brasil, explica que o desenvolvimento do robô de análise de dados demorou cerca de um ano e meio para atingir a maturidade de hoje. “Inicialmente nós calculamos que a inteligência artificial entregaria resultados com 80% de acerto, com base nos dados fornecidos pela operadora, utilizando a quantidade de vezes que o cartão do beneficiário foi usado para cada procedimento. Mas conseguimos alcançar 96% de acerto na linha de progressão”, disse ele. Como as informações foram coletadas em uma base antiga de dados, a checagem da veracidade das previsões feitas para aqueles beneficiários pôde ser feita, o que permitiu também o treinamento do robô em suas previsões.

Rafael Teixeira compara o software a alguns já utilizados nos Estados Unidos. “Alguns hospitais americanos utilizam uma inteligência artificial parecida com essa que desenvolvemos. Eles podem acessar os dados clínicos, que são os resultados dos procedimentos feitos pelo paciente, isso aumenta a eficácia deles. Mas nós também já estamos preparados para alcançar essa maturidade com os dados clínicos”, avalia.

“É muito bom ter o trabalho reconhecido por uma Cooperativa goiana do porte da Unimed Goiânia. Somos goianos e ter a oportunidade de aplicar nosso estudo para promover melhorias na saúde do nosso povo, da nossa cidade, é muito gratificante. Ver de perto tudo funcionando e ser capaz de dar destaque nacional para nossa cidade junto a uma marca tão importante quanto a Unimed é uma realização profissional”, garante Anderson.

Segundo o consultor do Programa de Atenção à Saúde (PAS), Daniel Albuquerque, a Cooperativa tem buscado sempre inovar dentro do Sistema Nacional Unimed, mapeando as melhores práticas. “Temos hoje cerca de 15 mil beneficiários monitorados, 3 mil em casa e 12 mil ambulatorialmente. Nesse universo, temos as grandes doenças crônicas que geram muitas complicações. Nosso grande desafio é prever quais desses doentes crônicos irão ter esses quadros de complicação. Nesse contexto, surgiu a parceria para desenvolver métodos de inteligência artificial e análise preditiva. Quer dizer, vamos tentar antecipar o conhecimento de fatos que poderão acontecer no futuro para cuidar melhor dos pacientes cuja análise dos dados indicar que poderão sofrer complicações. A ideia é agir antes para evitar a complicação de sua saúde em espaços como Sinta-se Bem, por meio do telemonitoramento, da atenção primária e domiciliar”, explica Albuquerque.

Guilherme Santos Crespo, diretor de Provimentos da Unimed Vitória, explica que a ideia surgiu de uma convergência de fatores, entre eles, o principal, a necessidade. “Como Paulo do Bem e eu trabalhamos com gestão de saúde com pacientes bem específicos, sabemos como é difícil obter resultados significativos, uma vez que algumas complicações de saúde já se instalaram. A ideia é usar a tecnologia de inovação para prevenir problemas de saúde, e os resultados são surpreendentes. O nível de assertividade da máquina chega a 96% e torna possível prever um evento de saúde em um paciente com mais de 120 dias de antecedência”, garante.

Passada a fase de calibragem da capacidade preditiva do robô, ou seja, de refinamento dos algoritmos, começam a ser levantadas listas de beneficiários que possuem alta probabilidade de, nos próximos meses, terem alguma complicação de saúde. O próximo passo é o acompanhamento desses pacientes pelas equipes do Programa de Atenção à Saúde, para tentar evitar ou minimizar os efeitos dessas possíveis complicações. “O algoritmo fornece uma informação que deve ser seguida de uma ação da equipe de saúde da Cooperativa. Essa é a segunda fase do projeto, que visa trabalhar com a base de dados atual que se iniciará de forma pioneira aqui. Além da Unimed Goiânia, a Unimed Vitória e a Central Nacional Unimed também irão utilizar essa tecnologia. Fizemos questão de apresentar os primeiros resultados aqui por causa da parceria pioneira das instituições goianas, a Unimed Goiânia e a UFG”, afirma Paulo do Bem.

“Investindo em inovação, esperamos colaborar com a melhoria do cuidado dos nossos pacientes, valorizando a qualidade de vida, o controle de riscos e a prevenção de complicações, assim como esperamos que nossa experiência possa beneficiar todo o Sistema Nacional Unimed e, no futuro, a comunidade”, afirma o Conselho de Administração da Cooperativa.