Gastos das famílias com saúde representam grande parte das despesas

Em 2015, a saúde privada representou 66,6% do total de gastos das famílias com saúde

O Texto para Discussão n° 72 - 2018 sobre o Setor de Saúde na Perspectiva Macroeconômica - Período 2010 – 2015, de autoria de Natalia Lara, revela que os gastos com saúde privada representam uma grande parte das despesas com saúde das famílias brasileiras. Este trabalho analisou os resultados da pesquisa “Conta Satélite de Saúde Brasil 2010- 2015”. Em 2015 a saúde privada representou 66,6% desse total, seguidos dos gastos com medicamentos, que representaram 30,1%. Os investimentos no setor de saúde apresentaram uma taxa de crescimento médio real de 14,5% ao ano (entre 2010 a 2015), enquanto a economia brasileira exibiu uma queda de 18,6%.

Os gastos privados em saúde somaram R$ 314,6 bilhões ou 57,6% do total dos gastos com saúde no País, em 2015. O setor público representou 42,4% do total, com um gasto de R$ 231,5 bilhões, no mesmo período. Em 2015, segundo a ANS, as despesas assistenciais dos planos de saúde (R$ 120,1 bilhões) representaram 83,8% do total da receita de contraprestações do setor (R$ 143,3 bilhões).

Conforme os dados da “Conta Satélite de Saúde”, em 2015, 79,2% corresponde ao consumo de bens e serviços de saúde e 19,0%, de medicamentos. Os demais 1,8% respondem ao consumo de outros materiais médicos, ópticos e odontológicos.

O número de ocupações nas atividades de saúde saltou de 5,3 milhões de vínculos empregatícios, em 2010, para 6,6 bilhões de novos postos de trabalho em 2015. Um acréscimo de 1,3 bilhão de trabalhadores na economia em um período de 5 anos, o que representou 6,9% do total de ocupações no setor econômico.

Em 2015, a saúde privada representou 66,6% do total de gastos das famílias com saúde, seguidos dos gastos com medicamentos, que representaram 30,1%. Os investimentos no setor de saúde apresentaram uma taxa de crescimento médio real de 14,5% ao ano (entre 2010 a 2015), enquanto a economia brasileira apresentou uma queda de 18,6%. Entretanto, do investimento total da economia brasileira de R$ 1,06 trilhão, em 2015, R$ 8,7 bilhões foi no setor de saúde, ou 0,8%.

Os resultados mostram que o setor tem expressiva capacidade de agregar valor à economia, sendo que, do total adicionado por todos os setores, o setor de saúde participa com 5,0% em 2015. O déficit na balança comercial de R$ 34,9 bilhões em 2015 resulta da necessidade de importar produtos médicos. Mas os volumes crescentes de importações já poderiam justificar um esforço para internalizar a produção ou aumentar o esforço exportador. Além destes, o setor possui considerável capacidade de geração de empregos, com saldo líquido de 13,1 milhões no período de 2015, e salários 73,3% acima da média dos setores brasileiros.

O trabalho mostrou que dos gastos totais em saúde o setor privado participa com 58,5%, fatia muito maior do que o governo (41,5%), apesar do modelo público e universal de atendimento. Os resultados revelaram boas perspectivas para o setor de saúde, cujo crescimento deve superar o da economia como um todo. A tendência é de aumento na participação do setor no valor adicionado e no número de postos de trabalho e taxa de crescimento dos investimentos duas vezes maior que a média nacional.

Breno de Faria

“Com investimentos adequados, o setor de saúde suplementar é um importante fator de indução do desenvolvimento com a capacidade de agregar valor na cadeia produtiva brasileira”, diz o presidente da Unimed Goiânia, Breno de Faria.