Envelhecimento populacional impacta PIB

Envelhecimento populacional impacta PIB

Segundo o relatório “Propostas de Reformas do Sistema Único de Saúde Brasileiro”, realizado pelo Banco Mundial, o envelhecimento da população levará a um aumento de 4% do PIB no gasto total com a saúde em 2050. Entre 1980 e 2015, o gasto federal com a saúde cresceu mais rápido do que o PIB (a média de crescimento geométrico anual foi de 3,7% e 3,4% respectivamente).

Outro dado impressionante sobre o envelhecimento populacional no Brasil vem da pesquisa “A contrapartida do setor filantrópico para o Brasil” do Fórum Nacional das Instituições Filantrópicas (FONIF), realizada pela DOM Strategy Partners. De acordo com o relatório, em 2000, para cada pessoa com mais de 60 anos, havia mais de sete pessoas entre 16 e 59 anos. Já para 2050, a expectativa é que esta relação caia para menos de duas pessoas por idoso (25% da população será idosa) e, em 2060, uma em cada três pessoas terá mais de 60 anos.

Tais impactos exigem atenção sobre diversos assuntos, como mobilidade urbana, previdência social e saúde. Pensando nisso, a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) lançou o “Manual de Gerenciamento e Assistência ao Idoso”, com recomendações para que as instituições hospitalares possam se planejar e garantir o atendimento ideal para os idosos.

Martha Regina Oliveira

Martha Regina Oliveira, diretora Executiva da Anahp, conta que a publicação, lançada durante a sexta edição do Congresso Nacional de Hospitais Privados (Conahp), em São Paulo, elucida os desafios que gestores terão pela frente.

Rever estruturas

Para Martha Regina, o envelhecimento é um benefício para a população e um tema importante e atual. Precisamos envelhecer com qualidade e, para isso, vamos precisar reorganizar vários setores da nossa sociedade em função desse envelhecimento. “Por exemplo, precisaremos rever as estruturas das cidades, transporte, ação social e saúde, a fim de redesenhar nossa atuação em relação a esse envelhecimento. Assim, uma equipe do Grupo de Boas Práticas na Anahp, que produz manuais e protocolos, se debruçou para entender melhor como poderíamos ter um manual que ajudasse os hospitais”, destaca ela.

A ideia era produzir instrumentos para que as instituições pudessem utilizar e alcançar a melhoria no cuidado ao idoso com foco não só nos hospitais associados, mas na sociedade como um todo. O ‘Manual de Gerenciamento e Assistência ao Idoso’ aborda desde a mudança de rotina, desafios, cuidados paliativos até doenças crônicas.

Como se preparar?

A dirigente da Anahp considera a necessidade de reorganizar o sistema como um todo, a partir da interface público/privada cada vez mais forte, seja na gestão ou no apoio à prestação de serviço. Propomos que cada instituição possa se organizar dentro da sua própria demanda. “Por exemplo, hospitais maiores que tenham maior demanda de idoso vão ter que se preparar de uma forma. Já os menores e com menor demanda irão agir de outra forma.”

O livro também contempla maneiras diferentes de organização, já que não temos que preparar somente os hospitais, mas também outros tipos de cuidado para lidar com o envelhecimento. Há a importância de uma atenção primária ou atenção especializada ambulatorial focada no idoso, além de um acompanhamento multiprofissional com equipe de enfermagem, nutrição, fisioterapia e reabilitação. O manual traz exemplos muito simples, mas que transformam muito o desfecho do idoso. Temos que entender o benefício que o paciente terá para a qualidade de vida se pudermos fazer com que a sua funcionalidade não diminua ou que ele saia do hospital com a mesma funcionalidade que entrou. ”

Olhar próximo e integral

Haverá a necessidade de promover a capacitação dos profissionais para todos os níveis de atenção, desde enfermeiros, cuidadores e médicos, além de compreender o cuidado ao idoso, pois ele não precisa estar limitado a um geriatra. “Afinal, temos uma quantidade muito pequena no Brasil deste especialista e nós não teríamos tempo para formar esses profissionais diante da atual demanda. Por isso, os idosos podem e devem ser cuidados por médicos generalistas que estejam preparados para olhar o paciente dentro das suas complexidades e interações. Ou seja, precisamos da capacitação para entender as especificidades e depositar um olhar próximo e integral”, destaca a dirigente da Anahp.

Boas experiências

No mundo, há várias boas experiências que envolvem, por exemplo, uma política de proteção de cuidadores na Alemanha e até uma política de cuidado mais global com relação à atenção ao idoso na Holanda ou em outros países europeus ou canadenses. Há exemplos também no Brasil. É preciso fazer com que isso chegue à população como um todo.

Apoio para a qualidade de vida

O envelhecimento se dá graças ao avanço da tecnologia e de novos medicamentos, além também da educação em saúde por parte da população e por medidas de prevenção às doenças. Isso são aspectos importantes para a expectativa de vida que a população está alcançando. Hoje, a tecnologia mundial com relação ao idoso tem evoluído não só para a saúde, mas também para uma interação de apoio social e para a integração com a sociedade.

Sizenando da Silva Campos Jr

“Para enfrentar o impacto do envelhecimento populacional, tanto a Central Nacional Unimed (CNU) quanto a Unimed Goiânia desenvolvem programas voltados para doenças crônicas e qualidade de vida dos nossos idosos. Na CNU, temos o Programa Especialista em Você, com o objetivo de oferecer um modelo de atenção individualizado, considerando as características específicas desta faixa etária. O programa permite que o participante amplie o conhecimento sobre sua saúde, compreenda o processo de envelhecimento e tenha atitudes positivas em relação aos seus tratamentos e a sua vida. Na Unimed Goiânia, temos o Grupo Melhor Idade e o Programa de Crônicos com essa mesma finalidade”, aponta o diretor Comercial e de Marketing da CNU e diretor Financeiro da Cooperativa, Sizenando da Silva Campos Jr.

Fonte: HealthCare Management.