Foto: Marcos Nalgestein/Folhapress - 24.06.18
O Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (IESS) publicou o Texto para Discussão n° 74 – 2019: “A Telemedicina traz benefícios ao sistema de saúde? Evidências internacionais das experiências e impactos”, de autoria de Amanda Reis Almeida Silva.
O estudo mostra a experiência internacional com a telemedicina em sete países além do Brasil (Albânia, Austrália, Bangladesh, China, Estados Unidos, México e Noruega) e destaca que seu uso pode trazer diversos benefícios. No Brasil, a telemedicina está restrita a programas que relacionam médicos e médicas com outros profissionais de saúde (teleconsultoria), pois a teleconsulta (interação à distância entre profissional de saúde e paciente) não foi regulamentada.
Breno de Faria
Para Breno de Faria, diretor-presidente, “há necessidade das instituições representativas de médicos e médicas brasileiros engajarem-se no debate sobre o tema”.
No âmbito da teleconsultoria e do ensino a distância para profissionais de saúde, o Brasil possui já iniciativas e programas públicos e privados. Diante de resultados positivos de experiências internacionais e considerando as limitações e dificuldades enfrentadas pelos países, é importante o sistema de saúde brasileiro analisar os potenciais da telemedicina.
Os recursos tecnológicos têm sido cada vez mais empregados na medicina em diversas aplicações. Há evidências de que a telemedicina já está sendo aplicada há mais de 100 anos. Os avanços tecnológicos do século XIX criaram a fundação sobre a qual a telemedicina foi sendo construída. Durante a guerra civil americana (1861-1865), os militares solicitavam suprimentos médicos por telégrafo, e pesquisadores acreditam que antes disso, nas primeiras décadas após sua invenção, havia uso do telégrafo envolvendo consultas médicas (Field, 1996). Já em 1879, foi publicado um artigo na revista científica Lancet falando sobre o uso do telefone, recém-inventado, para reduzir consultas desnecessárias. De acordo com uma revisão de literatura (Zundel, 1996), a primeira referência à palavra telemedicina na literatura médica surgiu em 1950. O artigo descreveu a transmissão, a partir de 1948, de imagens radiológicas por telefone entre as cidades americanas West Chester e Filadélfia, Pensilvânia. Com base neste trabalho inicial, radiologistas canadenses de Montreal criaram um sistema de telerradiologia nos anos 1950.
As primeiras aplicações de telemedicina, na sua forma moderna, datam da década de 1960. Alguns exemplos de marcos tecnológicos das primeiras aplicações da telemedicina incluem (i) o uso de videoteipes para facilitar a troca de conhecimento entre especialistas de um instituto e clínicos gerais em um hospital psiquiátrico em um estado norte americano (1965); (ii) o aconselhamento de profissionais especializados de um importante hospital de ensino para um centro médico aeroportuário via link televisivo (da mesma forma da transmissão dos canais de televisão) também nos Estados Unidos (1968) (World Health Organization, 2010); e (iii) a transmissão e interpretação de imagens radiográficas entre o setor de emergência e o Departamento de Radiologia de um hospital americano (meados da década de 1960) (Burke; Hall, 2015). Nas décadas de 1970 e 1980, o uso da telemedicina já estava bem disseminado, e o governo americano implantou algumas iniciativas no sistema público de seguros de saúde, utilizado e aprimorado pela agência espacial americana (Field, 1996).
O avanço das tecnologias de informação e comunicação, impulsionado pela introdução e popularização da internet, expandiu o alcance da telemedicina, com abrangência para aplicativos baseados na web (por exemplo, e-mail, teleconsultas e conferências pela Internet) e abordagens multimídia (imagens digitais e vídeo) (World Health Organization, 2010). Atualmente, a telemedicina pode ser considerada uma parte de um conceito mais amplo, que é quando se tem o uso combinado de comunicação eletrônica e de tecnologia da informação no setor da saúde, o chamado eHealth.
Fonte: IESS e Unimed Goiânia