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Obesidade propicia crescimento da nutrologia






O mundo está ficando cada vez mais obeso. O aumento do número de pessoas que tem o peso além do que a sua pórpia saúde recomenda tem impulsionando o aparecimento ou a notoriedade de novas especialidades. Uma delas é a nutrologia, exercício de medicina praticamente desconhecido e voltado para o diagnóstico, prevenção e tratamento de enfermidades nutricionais.

Muita gente nunca ouvia falar de nutrologia, outros arriscam a comparar esta especialidade à nutrição. A nutróloga Desiane Caiado explica que as duas práticas são complementares. "A nutrição cuida do equilíbrio da parte alimentar, do balanceamento dos nutrientes, de uma alimentação feita e acordo com a necessidade do paciente. A nutrologia faz isso também, mas somado a um diagnóstico clínico, já que é uma especialidade médica".

A dra. Desiane esclarece que todo nutrólogo faz medicina, para depois, optar, se quiser, pela especialização em nutrologia. Ou seja, o especialista desta área tem uma formação de clínica geral, com acesso a informação básica em diversos ramos da medicina, como, por exemplo, cardiologia.

Personalizada

Esta formação médica permite exatamente um diagnóstico mais detalhado do cliente antes que o nutrólogo indique uma dieta personalizada saudável. "Antes da prescrição é feito o que chamamos de anamnese, que é o histórico clínico do paciente para entender seu problema. E aí investigamos até ocorrências na infância. Tudo é importante", assinala a dra. Desiane.

Com o diagnóstico, entra então a técnica do nutrólogo: "A nutrologia orienta sobre a alimentação para a melhoria energética, correção do peso e aumento da longevidade", sintetiza. E para isso, o médico se alia a outras especialidades como cardiologia, gastroenterologia e endocrinologia e também a outros profissionais como fisioterapeutas, psicoterapeutas e profissionais de educação física, entre outros.

A nutrologia tornou-se uma especialidade médica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina em 1973. Mas, só agora está ficando em evidência. "É porque os nutrólogos atuavam apenas em ambiente hospitalar, fazendo prescrição e indicação de alimentação parenteral (feita pela veia) e enteral (feita por sondas colocadas no nariz ou na boca)", responde a médica.

O trabalho hospitalar acontece ainda em parceria com o nutricionista. Este profissional prepara a alimentação do paciente, depois da analise e prescrição feita pelo nutrólogo. "Esta especialidade extrapolou as fronteiras do hospital em função principalmente da obesidade", conclui a dra. Desiane Caiado.

Tratamento é individualizado

Um grande problema da sociedade moderna levou a nutrologia a crescer em todo o mundo. Hoje, segundo a especialista Desiane Caiado, 80% dos pacientes dos consultórios de nutrólogos são obesos. "Foi a obesidade, uma doença crônica, que proporcionou o boom da especialidade", afirma.

Também pudera, os dados mais recentes sobre a obesidade são alarmantes. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 500 milhões de pessoas no mundo são obesas. Estudos mostram que 32% da população brasileira - sendo observado um Índice de Massa Corporal entre 25 e 29,9kg/m2 - tem o peso acima da média. Ocupamos o sexto lugar no mundo entre os países com maior número de obesos.

Os obesos que procuram os consultórios de nutrologia muitas vezes já passaram por várias dietas, algumas auto-medicadas e estão sempre atrás de uma solução definitiva. Ali, eles encontram um especialista que se confunde com o cardiologista. "O nutrólogo estuda o histórico clínico do paciente, analisa que doenças de bases podem ter desencadeado a obesidade, as comorbidades dessa doença, como a hipertensão e a diabetes, o nível de colesterol", coloca a dra. Desiane.

Orientação

Mas, diferente do cardiologista, o nutrólogo não sugere apenas um medicamento ou atividades físicas, - indicações que, em certos momentos, são feitas em parceria com os profissionais que tratam especificamente das doenças coronárias - mas uma orientação nutricional balanceada.

A nutróloga explica ainda que a orientação, tanto nutricional quanto médica, deve ser individualizada. "Cada pessoa é uma pessoa. Cada ser humano tem um metabolismo basal diferente e, por isso, as dietas devem ser diferenciadas, com quantidade de caloriais específicas", ensina.

Além dos obesos, contudo, um outro público tem procurado bastante os nutrólogos: os atletas. "Este público em especial tem nos consultado pela questão da complementariedade alimentar e pelo uso de anabolizantes", coloca a médica de Brasília.

A questão dos anabolizantes aliás, cujo uso indevido pode trazer sérios problemas, e até mesmo, em casos extremos, a morte. "Os nutrólogos contra-indicam os anabolizantes, pois podem trazer efeitos colaterais graves."

O caso dos suplementos alimentares são diferentes, já que são muitas vezes aconselháveis para certos pacientes. "Alguns suplementos podem ser tomados, mas, aqui, estes precisam ser balanceados, por exemplo, com proteínas. E também é necessário que seja estudada a atividade física do desportista, para definir a quantidade específica do suplemento", argumenta Desiane.

Doença crônica e epidêmica

Pouco gente sabe, mas a obesidade é um doença crônica que dá muito prejuízo aos cofres do estado. Ela é hoje responsável pelo maior gasto dentro do orçamento dos sistemas de saúde pública na maioria dos países do mundo, sejam desenvolvidos ou em desenvolvimento.

A obesidade está sendo considerada uma epidemia, tal o número de pessoas que vão além de seu peso normal. É por isso que os governos e médicos estão alertas para a questão e começam a apertar o cerco em cima até das empresas alimentícias.

Uma pesquisa recente da Organização Mundial da Saúde, feita em todo o planeta, cientificou que 22 milhões de crianças com menos de 5 anos estão com excesso de peso ou mesmo obesas. Até em países subdesenvolvidos a questão é séria, aponto de se verificar, em certas regiãoes da África, que a obesidade atinge mais crianças do que a própria subnutrição.

Os Estados Unidos são os campeões no quesito gordura e obesidade. Lá, cerca de 60% dos adultos e 13% das crianças estão acima do peso ou obesos. No Brasil, a situação também não é muito reconfortante. A má alimentação, provocada pela falta de tempo ou pelo trabalho na rua, leva as pessoas a se empanturrarem com comidas excessivamente oleosas e que acabam levando ao aumento de peso.

Segundo algumas pesquisas, o aumento de peso do brasileiro é um reflexo de uma melhoria de vida desse segmento. Muitas vezes o maior acesso a bens de consumo como DVDs e computadores levam a pessoa a uma inatividade perigosa. Afinal, exercício é fundamental para combater a obesidade.

Depósito

Para entender melhor esse problema, é importante que se saiba que o nosso tecido adiposo é uma espécie de depósito energético de calorias. Quando esse recido aumenta em excesso, a pessoa fica obesa. A doença pode ser gerada por problemas hormonais, mas, na maioria dos casos, ela se deve a um comportamento que soma uma alimentação exagerada ou malfeita a uma atividade física reduzida. Ou seja, os fatores para levar alguém a engordar são ambientais e culturais, que podem estar associados ainda a causas genéticas.

Este excesso de peso é apontado como umas das causas de problemas cardíacos. A aterosclerose, por exemplo, e têm maior incidência em obesos, sendo uma das grandes causas mortalidade no mundo. Por isso, os obesos devem procurar fazer exercícios regulares, se alimentar com equilíbrio e procurar a orientação de especialistas.

Fonte: Jornal de Brasília
21/10/04

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