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Equipe do IOC estuda vacina de DNA






Esta é a principal causa de diarréia bacteriana em crianças de 1 a 5 anos, além de ser responsável pela diarréia dos viajantes, que acomete turistas em áreas endêmicas para E. coli, como América Latina, África e Ásia. A equipe da Fiocruz tem analisado as respostas imunológicas de camundongos que receberam vacinas experimentais de DNA contra a Etec. Os resultados ainda são preliminares, mas, a longo prazo, podem representar uma alternativa no combate a essa bactéria, que, transmitida por água e alimentos contaminados, costuma causar infecções severas em crianças subnutridas ou com sistema imunológico debilitado.

Bactérias da espécie Escherichia coli

Em resumo, uma vacina de DNA consiste de um plasmídeo (DNA circular) no qual é inserido um gene que contém informação para a síntese de alguma proteína do microrganismo. Quando a vacina é aplicada por via intramuscular, o plasmídeo entra nas células do músculo e estas passam a produzir a proteína do microrganismo. O sistema imunológico do indivíduo, ao reconhecer essa proteína estranha, mobiliza células de defesa e produz anticorpos e outras substâncias contra o invasor. Só que, na verdade, não existe uma infecção. Porém, caso a pessoa, no futuro, entre em contato com o microrganismo, ela já terá armas para se defender dele.

Em sua pesquisa de mestrado no Laboratório de Imunopatologia do IOC, a bióloga Lucieri Olegario Pereira Souza trabalhou com a toxina termolábil (LT) da Etec. Esta proteína bacteriana, ao interagir com receptores das células intestinais do paciente, desencadeia mecanismos que provocam um desequilíbrio iônico. O resultado é a saída de água e íons das células para o lúmen intestinal, processo que caracteriza a diarréia.

A orientadora de Lucieri, a bióloga Ada Maria de Barcelos Alves, já havia construído diferentes plasmídeos contendo o gene que codifca uma das subunidades constituintes da LT. Esta subunidade é responsável pela interação da toxina bacteriana com os receptores das células intestinais do paciente. Esse pedaço parece ser interessante para o desenvolvimento de vacinas porque, por exemplo, anticorpos produzidos contra ele podem impedir que uma outra subunidade - a porção tóxica da LT - entre nas células e provoque a diarréia.

Alguns dos plasmídeos desenvolvidos por Ada fazem com que o fragmento da LT para o qual contém o gene seja secretado pelas células musculares, enquanto outros o deixam ancorado na membrana celular. Outra diferença é que certos plasmídeos apresentam uma seqüência de nucleotídeos (unidades constituintes do DNA) inexistente no genoma humano e que, por isso, pode amplificar a reação imunológica do indivíduo.

Lucieri e Ada utilizaram esses diferentes plasmídeos para vacinar camundongos e compararam as reações obtidas. Em linhas gerais, os animais vacinados que mais produziram defesas contra a Etec receberam injeções com os plasmídeos que faziam a porção da toxina ser secretada pelas células musculares e que continham aquela seqüência inexistente no genoma humano.

"No futuro, nossos dados podem vir a ser úteis no desenvolvimento de uma nova vacina contra a Etec", diz Ada. "Mas, na verdade, o maior objetivo do trabalho é consolidar nosso conhecimento sobre um modelo experimental de vacina de DNA, com o acompanhamento das respostas imunológicas dos animais vacinados", lembra a bióloga.

Pesquisadores de todo o mundo têm tentado desenvolver vacinas contra a E. coli, mas ainda não existe nenhuma disponível comercialmente. Vacinas que contêm bactérias mortas já foram testadas em voluntários humanos em alguns países. Na Suécia, onde a diarréia causada pela E. coli não é endêmica, a vacina se mostrou segura, mas gerou baixa imunidade contra a bactéria. No Egito e em Bangladesh, áreas endêmicas, a vacina estimulou a produção de anticorpos contra a E. coli. Porém, a resposta não foi duradoura e, em alguns casos, a vacina provocou efeitos adversos, como dores abdominais e diarréias leves.
 

Fonte: Fundação Oswaldo Cruz por Fernanda Marques
27/10/04 

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