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Gestantes hipertensas demandam cuidados especiais






As síndromes hipertensivas da gravidez constituem uma das principais causas de mortalidade materna no país. As gestantes hipertensas exigem maior atenção à gestação, como um pré-natal diferenciado, exames laboratoriais específicos e avaliação minuciosa do feto. Outro motivo a mais de preocupação para essas pacientes é a presença da proteinúria (a presença de proteínas em quantidade anormal na urina), associada a um aumento proporcional das chances de complicação durante a gravidez e no parto.

Essa é a conclusão de um estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo, Unifesp, com 334 gestantes com síndrome hipertensiva, atendidas no Hospital São Paulo entre 1999 e 2002. Segundo a pesquisa, a incidência de proteinúria é duas vezes maior entre as mães de primeira gestação (60%) em comparação às que já deram a luz a outras crianças (30%) e o percentual de natimortos é também cerca de dez vezes maior.

No caso dos óbitos neonatais (morte ocorrida durante os primeiros dias de vida) a diferença permaneceu alta: seis vezes superior. Todas as mortes estavam relacionadas à prematuridade e a maioria ocorreu antes da internação da mãe, o que, segundo a pesquisa, ¿demonstra alguma falha no sistema de atendimento primário¿, sendo essenciais um maior cuidado na identificação dos fatores de risco e o diagnóstico precoce das alterações.

Segundo o Dr. Tarcísio Mota Coelho e sua equipe, responsáveis pela pesquisa, verificou-se ¿notável incidência da prematuridade na presença da proteinúria e com a elevação dos seus níveis¿.

As participantes da pesquisa eram todas hipertensas e, além da presença de proteinúria, também foram analisados idade, pressão arterial na internação, resolução da gravidez e justificativas para eventuais cesáreas.

Resultados

A partir da análise dos resultados, observou-se que a elevação da proteinúria estava associada a piores prognósticos perinatais (antes e depois do parto), tanto para as mães quanto para o bebê. O estudo constatou que o sintoma relaciona-se também com a idade: atingiu 18,8% das mulheres com mais de 40 anos e somente 2,7% das gestantes de 20 a 30 anos.

Em relação ao peso de nascimento, observou-se que na ausência de proteína na urina, ou quando presente até 1g, o mesmo esteve acima de 2.5kg. Enquanto que nos casos de proteinúria acima de 1g ficou abaixo desse valor, constituindo 89,4% dos bebês de extremo baixo peso. Este último caso, segundo os pesquisadores, gera um dilema: ¿manter a gestação, ou optar pela prematuridade extrema e correr o risco de maiores complicações¿. A incidência do parto cesário foi superior ao parto vaginal (73,3% contra 56,6%).

Saúde Pública

Para os pesquisadores, muitos óbitos e complicações ocorrem em função da ineficácia e a precariedade do atendimento da saúde pública no Brasil. ¿Esperar-se-ia que, quanto melhor equipado e estruturado o serviço de saúde de um determinado local, menor seriam os seus índices de mortalidade. Ao invés disso, observa-se no Brasil uma situação paradoxal, ou seja: nos hospitais de nível terciário (pesquisa) apresentam-se elevados coeficientes de morbidade e mortalidade por serem centros de referência em um sistema de péssima qualidade, destroçado pela crônica falta de recursos e de planejamento, onde inexiste adequada distribuição e estratificação no atendimento primário e secundário¿, eles afirmam.

Fonte: Sociedade Brasileira de Hipertensão
13/12/2004

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