Os índices de incidência de cáries dentárias em crianças, segundo dados do Projeto de Saúde Bucal realizado em 2003, são preocupantes. Cerca de 27% das crianças de 18 a 36 meses e aproximadamente 60% das crianças com 5 anos de idade apresentaram pelo menos um dente decíduo (ou de leite) cariado.
O estudo conclui que não há comprovação científica de que o leite humano seja cariogênico. Para Nilza e Manoel, ¿a amamentação noturna não deve ser desencorajada, assim como nenhuma forma rígida de conduta alimentar deva ser adotada em relação à criança em aleitamento. Nessa faixa etária, a criança está se adaptando aos alimentos complementares, ajustando-se a essas novas formas de alimentação e aprendendo a regularizar seus horários. Portanto, deve-se estimular o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses, mantendo-o pelo menos até os 2 anos de idade, sem restrições de horários ou turnos, complementado com outros alimentos adequados para o desmame¿.
Formação da cárie
Para que a cárie se desenvolva é necessário que o dente entre em contato com microorganismos cariogênicos (principalmente estreptococos) e substratos cariogênicos (como os açúcares sacarose, glicose e frutose) por um determinado período de tempo. Esses microrganismos são capazes de colonizar a superfície do dente e produzir ácidos abaixo do pH crítico (menor que 5,5), permitindo a dissolução do esmalte dentário.
A gravidade da chamada cárie do lactente e do pré-escolar (CLPE) está diretamente relacionada à precocidade da instalação dos estreptococos do grupo mutans na criança. Por outro lado, o leite humano é caracterizado por um complexo sistema de defesa que inibe o crescimento de vários microorganismos, entre eles os estreptococos mutans.
Má nutrição também traz problemas
A saliva é o principal sistema de defesa contra a cárie, graças à presença de substâncias antibacterianas e de sua característica de formar um sistema tampão (impedindo alterações significativas do pH). Portanto, a diminuição do fluxo salivar ¿ como ocorre durante o sono das crianças ¿ aumenta a susceptibilidade dos dentes à cárie. Crianças que vivem em situação de pobreza ou de carência econômica também têm mais chances de desenvolver a CLPE.
¿Várias doenças estão associadas com a CLPE, entre elas má nutrição, asma, infecções de repetição, doenças crônicas e uso de medicamentos. A má nutrição pode causar o aparecimento de hipoplasia (desenvolvimento incompleto) do esmalte e, assim como a anemia por deficiência de ferro pode levar à redução da secreção salivar e da sua capacidade de tamponamento¿, afirmam Nilza e Manoel.
Estudos demonstram que o leite materno é capaz de diminuir o risco de aparecimento de doenças, tais como gastrenterite, infecções, asma, e diabete melito, as quais também têm influência na nutrição da criança. Os pesquisadores afirmam que o leite materno possa proteger contra a cárie graças à diminuição na freqüência das doenças que contribuem para o surgimento da CLPE e pela menor utilização de medicamentos que são fatores de risco para cárie.
Fonte: Agência Notisa