Carnaval é época de samba, sensualidade e muita diversão. A folia que agita todo o País, no entanto, esconde um perigo invisível: as doenças sexualmente transmissíveis. E, entre elas, a hepatite B, doença provocada pelo vírus HBV, que causa inflamação do fígado.
Por ser uma doença silenciosa, há situações em que os pacientes portadores do vírus não apresentam sintomas. Porém, em alguns casos, a doença pode evoluir para a fase crônica e causar sérios danos ao organismo, como cirrose e câncer. Além disso, o tratamento tardio pode levar muitos pacientes para as filas de transplante do fígado.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 2 bilhões de pessoas já foram infectadas pelo vírus da hepatite B (HBV) em algum momento de suas vidas e, desses, 400 milhões evoluíram para o estágio de portadores crônicos da infecção. Outro dado alarmante é que a hepatite B é 20 vezes mais contagiosa do que a Aids.
SUS
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, o número de infectados é de aproximadamente dois milhões, dos quais apenas 5% já foram diagnosticados.
Dados do governo indicam que, hoje, cerca de 300 mil pessoas necessitariam de tratamento, ao passo que apenas nove mil estão sendo tratadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Diante disso, a vacinação, a realização do teste de detecção da hepatite B e o uso da camisinha são indispensáveis para se evitar a propagação da doença.
Contágio
O vírus da hepatite B é transmitido quando o sangue ou líquidos orgânicos contaminados penetram na corrente sangüínea. A atividade sexual é uma das principais maneiras de contaminação.
Segundo Hoel Sette Junior, hepatologista do Serviço de Transplante e Cirurgia do Fígado do Hospital das Clínicas, "há 20 vezes mais chance de se contrair a hepatite B do que a Aids durante uma relação sexual sem proteção".
Bastante resistente ao meio ambiente, o vírus B também pode ser transmitido da mãe para o recém-nascido no momento do parto e na amamentação, entre usuários de drogas endovenosas que compartilham a mesma seringa, por meio de transfusão sangüínea (menos freqüente, já que as bolsas de sangue são testadas), e entre profissionais de saúde que têm ferimento com sangue ou material contaminado.
Prevenção
A vacinação é o método mais eficaz para impedir a propagação do vírus da hepatite B. O atual calendário impõe a imunização de recém-nascidos, o que não impede que adultos sejam vacinados. A vacina é administrada em três doses e está disponível gratuitamente nos postos de saúde, para pessoas entre zero e 19 anos. A eficácia é de cerca de 95%.
Outra forma de prevenir a doença é a utilização de preservativo durante a atividade sexual e o não compartilhar objetos cortantes e de higiene pessoal, como lâminas de barbear, alicates de unha, escovas de dentes e agulhas.
Tratamento
A terapêutica tem evoluído de forma significativa, permitindo maior controle sobre a doença. Com o avanço contínuo do tratamento e com o surgimento de novos medicamentos, é possível diminuir o número de vírus na circulação, evitando a evolução de um maior número de pessoas para quadros mais graves, como cirrose e câncer de fígado.
Fonte: Jornal do Brasil
23/02/2006