O início de um surto de sarampo no município de João Dourado, na Bahia, em outubro deste ano, deixou as autoridades da área de saúde de Goiás em alerta. Isso porque o município fica próximo à Chapada Diamantina, local de intenso turismo. Além disso, na região há um grande contingente de pessoas que migram para Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais em busca de emprego, especialmente na agricultura e corte de cana de açúcar. Também é rota de transporte rodoviário, com grande deslocamento de caminhoneiros que levam ou buscam alimentos, em especial legumes e verduras.
A gerente de vigilância epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES/GO), Magna de Carvalho, alerta que pelo fato da doença ser extremamente contagiosa, todo o sistema de saúde público ou privado deve ficar em alerta para que o sarampo não seja reintroduzido em Goiás ¿ sem registro de casos desde 1999 ¿ uma vez que o Estado é rota de caminhoneiros e destino de muitos trabalhadores rurais. Depois de 1999, os casos de sarampo registrados em Goiás foram provenientes de outros estados brasileiros.
Diante desta situação, a SES/GO está solicitando aos profissionais de saúde que notifiquem às secretarias municipais de saúde todo caso suspeito de sarampo, independente da idade e da situação vacinal do paciente. Os sinais da doença são tosse, febre e manchas avermelhadas na pele. Outro fator que deve ser observado no levantamento de dados do paciente é história de viagem ao exterior ou de contato com alguém que viajou ao exterior nos últimos 30 dias ou mesmo para outras partes do Brasil.
O sarampo é uma doença grave, altamente contagiosa, que pode desenvolver complicações severas em pacientes com comprometimento imunológico. É transmitido por via respiratória e pode acometer todas as faixas etárias. Além de levar à morte, em casos mais graves, o sarampo também pode causar cegueira, encefalite e pneumonia. Geralmente, a primeira dose da vacina é aplicada em crianças com um ano de idade, que recebem uma dose de reforço quando têm entre quatro e seis anos de idade.
Pela gravidade da doença e pelo risco de reintrodução do sarampo em Goiás, a Superintendência de Políticas de Atenção Integral à Saúde (Spais) da SES/GO chama a atenção da população e também dos profissionais da saúde, que pensam que a doença está erradicada, para ficarem atentos. ¿Qualquer pessoa que apresente febre, manchas avermelhadas pelo corpo, além de coriza, tosse e/ou conjuntivite, deve procurar uma unidade de saúde o mais rápido possível e comunicar o caso à secretaria de saúde de seu município, para que as medidas necessárias sejam tomadas em tempo¿, alerta Magna de Carvalho.
A preocupação da gerente de vigilância epidemiológica procede, já que nem todo município de Goiás tem cobertura vacinal satisfatória. As crianças de até 5 anos de idade recebem a vacina tríplice viral, porém a população adulta raramente tem acesso à vacina. Isso porque, segundo Magna de Carvalho, o Ministério da Saúde vem tendo problemas com o estoque da vacina, por conta de fornecedores. Mesmo assim, existe um esforço no sentido de promover a vacinação de grupos de risco, que inclui profissionais da área de saúde, caminhoneiro, pessoas que viajam com freqüência para o exterior, entre outros.
Doença é importada ¿ Desde 2001 os casos de sarampo registrados no Brasil são isolados e importados, ou seja, foram diagnosticados em pessoas que estiveram em países nos quais a doença não esta erradicada ou que tiveram contato com quem viajou ao exterior. Por causa dessa possibilidade de reintrodução do sarampo no País, a Secretaria de Estado da Saúde faz um alerta às pessoas que pretendem viajar durante estas férias.
A recomendação é de que adultos e crianças com viagem marcada para fora do Brasil e que não tenham comprovação vacinal tomem a vacina tríplice viral entre 10 e 15 dias antes de embarcar. A vacina encontra-se constantemente disponível no posto de vacinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no aeroporto Santa Genovena, que disponibiliza vacina para outros males também, como a febre amarela. Para ser imunizada a pessoa deve apresentar o passaporte.
No continente americano, a Organização Pan Americana estabeleceu, em 1994, a meta de erradicar o sarampo até o ano 2000. No Brasil, os últimos casos autóctones (oriundos do próprio País) foram em março de 2000, no Acre, e desde então a circulação da doença foi interrompida. Graças às altas taxas de cobertura vacinal e agilidade da vigilância epidemiológica, o vírus do sarampo não voltou a circular em território brasileiro.
No exterior, este ano, entre os países que enfrentam surtos de sarampo estão Austrália, Alemanha, Ucrânia, Inglaterra, País de Gales, Grécia, Espanha, Estados Unidos, Venezuela, Somália e Angola. Em todos os países a maioria dos doentes é formada por pessoas não vacinadas ou com esquema de vacinação incompleto.
Fonte: saúde.go