Esse tumor tem um prognóstico complicado, principalmente quando avançado. Mas novas terapias têm renovado as esperanças dos pacientes. A novidade é o medicamento erlotinibe, do laboratório Roche, comercialmente conhecido como Tarceva.
A droga, que acaba de chegar ao Brasil, é a primeira terapia alvo destinada a tratar esse tipo de tumor. Um obstáculo, no entanto, ainda está no preço, fixado em R$ 8 mil cada caixa com 30 comprimidos, suficiente para um mês de tratamento (o tratamento consiste em um comprimido por dia).
O estudo internacional que serviu como base para aprovação do medicamento nos Estados Unidos, Europa e Brasil, o BR21, avaliou 731 pacientes de 27 países. Desse total, 140 eram brasileiros, uma participação expressiva para a realidade nacional.
Os resultados finais apontaram que o uso do Tarceva promoveu um aumento na sobrevida de 42,5% - cerca de 9 meses frente ao tratamento padrão. "O medicamento reduziu os sintomas. Os pacientes tiveram menos tosse, menos dor e menos falta de ar, o que melhora a qualidade de vida", afirma Mauro Zukin, das Clínicas Oncológicas Integradas (COI), no Rio de Janeiro.
Os estudos com o erlotinibe foram conduzidos com pacientes em estágio avançado do câncer de pulmão e sua aprovação se destina, inicialmente, a esse grupo. Para fazer uso da nova abordagem terapêutica, é preciso que a pessoa já tenha passado por um tratamento de quimioterapia sem ter obtido sucesso.
Novas pesquisas com a droga, no entanto, já estão em curso. "Pesquisa-se agora essa opção de tratamento para casos iniciais do câncer de pulmão. Nesse caso, para inibir o crescimento das células", informa Riad Yunes, do departamento de cirurgia torácica do Hospital do Câncer A.C. Camargo,
A nova molécula foi desenhada de forma a inibir o receptor do fator de crescimento epidérmico humano EGRF/HER1 - encontrado na superfície das células cancerosas. Esse receptor é responsável por emitir um sinal para o crescimento das células cancerígenas em muitos tumores. Ao inibir especificamente a atividade de uma enzima dentro da célula, o medicamento bloqueia a proliferação do tumor. "O Tarceva beneficiou todos os subgrupos de pacientes, mas em alguns os resultados foram maiores, como nos não fumantes", lembra Zukin.
O medicamento tem resposta rápida e o tempo de tratamento varia conforme o perfil do paciente. No geral, o medicamento é administrado enquanto durar o benefício. Por ser uma terapia alvo administrada oralmente, o Tarceva não produz efeitos colaterais graves, tendo sido registrados apenas dois: rash (lesão avermelhada na pele do rosto e colo, semelhante à acne) e diarréia.
Câncer de pulmão
O câncer de pulmão figura como uma das principais causas de morte por câncer no mundo. Os sintomas, como a tosse, geralmente aparecem quando o caso está avançado. O diagnóstico da doença só é confirmado através de biópsia.
A principal causa desse tipo de câncer é o tabagismo e, embora tenham sido veiculadas diversas campanhas contra o fumo, a incidência do mal não tem diminuído. "A sobrevida dos pacientes depende de como está o estadiamento, quando o câncer se espalha fica difícil e, normalmente, chegam aos hospitais casos bastante avançados", explica Riad Yunes, do A.C. Camargo.
Fonte: Agência Estado