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Arma contra o câncer






Instituto Butantan inicia pesquisa para produção, em seus laboratórios, dos anticorpos monoclonais, que são moléculas capazes de reconhecer e combater células tumoraisIngrid Furtado O Instituto Butantan, vinculado à Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, está desenvolvendo projeto inédito no Brasil, relacionado ao câncer. Em data ainda não especificada, começarão a ser produzidos em seus laboratórios os anticorpos monoclonais, que são moléculas capazes de reconhecer e se ligar a células doentes. Os benefícios para os pacientes serão dois: redução dos efeitos colaterais, produzidos pela quimioterapia e radioterapia, e dos custos do tratamento.

A diretoria do instituto, sediado em São Paulo, firmou parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que repassará R$ 6 milhões ao projeto, e com a empresa de biotecnologia Recepta Biopharma, que entrará com R$ 2 milhões. O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o Hospital da Baleia, também de Belo Horizonte, figuram entre as instituições de saúde do país que farão ensaios clínicos do estudo.

PASSOS

A coordenadora do estudo do Butantan, Ana Moro, explica que anticorpos monoclonais são moléculas biológicas, com a capacidade de reconhecer alvos específicos em tumores e a estimular uma ação do sistema imunológico direcionada para as células cancerosas.

A pesquisadora explica que a célula com tumor apresenta uma marca específica e, em vez de os anticorpos atingirem células saudáveis, vão identificar a anormalidade, ligando-se à célula doente com o objetivo de combatê-la. Ela diz ainda que há apenas oito tipos de anticorpos monoclonais aprovados no mundo e o projeto feito no Butantan vai desenvolver outros quatro. A previsão é de que, nos próximos 10 anos, a pesquisa esteja concluída.

¿Esses anticorpos são direcionados apenas para o câncer sólido que atinge o epitélio. Ou seja, todos os órgãos revestidos com esse tecido, como a boca, intestino, pele e outros poderão ser tratados. De certa forma, o processo é lento, mas temos que produzir uma célula, por engenharia genética, que seja boa reprodutora. Assim, vamos conseguir uma quantidade suficiente de anticorpos em nível industrial e, conseqüentemente, muitas pessoas poderão ser submetidas ao tratamento¿, explica a pesquisadora.

AVANÇO

Ana diz ainda que um dos anticorpos já está em fase mais adiantada e, em até um ano, serão feitos ensaios clínicos em pacientes. ¿O processo de humanização de um dos anticorpos já foi iniciado nos EUA, mas de qualquer forma, temos que criar nossa própria linhagem de células. Esse estudo é um avanço tremendo, pois a pesquisa é pioneira no Brasil e a dependência com medicamentos importados tende a reduzir¿, salienta.

A pesquisa criou boas expectativas em Minas. O chefe do Serviço de Oncologia do Hospital das Clínicas da UFMG, André Murad, observa que há uma legislação que protege e garante a segurança dos pacientes submetidos aos ensaios clínicos. ¿Mesmo depois da humanização das células, que é a parte mais onerosa do processo, testamos a toxicologia em animais, pois, nessa fase permanece o risco de sérias reações alérgicas na pessoa. Depois que esgotamos essas chances, começamos o tratamento em pacientes terminais, que já tentaram todas as possibilidades de estabilização da doença. Assim, observamos se há alteração no quadro. Dependendo da evolução e da eficácia das aplicações, passamos a tratar os pacientes com chance de cura maior. Tudo isso é baseado em processo ético para coibir abusos¿, afirma.

Fonte: Estado de Minas

 

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