Em sua última edição referente ao 1˚ quadrimestre de 2018, o Boletim Científico do Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (IESS) reuniu vários resumos de publicações científicas de interesse para a saúde suplementar, selecionados entre as principais revistas da área, publicadas no Brasil e no mundo nos setores de saúde, tecnologia, economia e gestão.
No setor de economia e gestão, o estudo “Pagamento baseado em resultados aos prestadores de seguro-saúde: o caso de contratação hospitalar para intervenções cardíacas na Holanda” (Health insurance outcome-based purchasing: the case of hospital contracting for cardiac interventions in the Netherlands)”, de Veghel et al., aponta para novas formas de remuneração.
Como em muitos países, os custos de saúde na Holanda aumentaram nas últimas décadas. A assistência médica baseada em valor (Value-Based Health Care – VBHC), com o objetivo de maximizar o valor para o paciente, concentrando-se não só em custos, mas também em resultados, é considerada uma estratégia para resolver esses problemas.
No sistema de saúde holandês, as companhias de seguros de saúde contratam hospitais para a prestação de assistência. Com os altos custos em todo o mundo, há uma crescente conscientização de que as abordagens de pagamento por serviço devem ser substituídas por abordagens de pagamentos por desempenho ou baseadas em resultados.
O estudo em questão analisou os resultados da aplicação de um modelo de pagamento entre a companhia de seguro de saúde e o hospital, que inclui os princípios de VBHC – assistência médica baseada em valor - no qual a qualidade é financeiramente recompensada e a perda de qualidade leva à redução da compensação financeira.
A população do estudo consiste em pacientes com doença arterial coronariana tratados por intervenção coronariana percutânea (ICP) ou cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM), bem como pacientes com fibrilação atrial tratados com isolamento da veia pulmonar por cateter (PVI). Esses procedimentos foram escolhidos porque são frequentemente realizados.
Ao adotar o modelo de remuneração baseado em valor, a seguradora holandesa passou a recompensar o hospital financeiramente por melhorias significativas dos resultados para o paciente após a realização de cirurgias CRM, ICP e PVI. Para cada grupo de pacientes, um incentivo foi dado ao hospital com a finalidade de estimular os esforços de melhoria da qualidade.
Os autores verificaram que houve melhorias significativas na qualidade, nos três tratamentos analisados, após a implementação do modelo de pagamento por valor. Em relação à CRM, observou-se uma redução na taxa de mortalidade de 120 dias. No que se refere à ICP, a taxa de mortalidade de um ano foi reduzida e houve melhora na recuperação do paciente (queda nas reexplorações cirúrgicas).
No PVI, houve redução da necessidade de realizar a intervenção novamente. Concluiu-se que o modelo apresentado é o primeiro passo no sentido de alinhar hospitais e companhias de seguro de saúde na utilização de pagamentos de serviços baseados em valor para o paciente. Para uma implementação bem-sucedida do modelo de pagamento baseado em resultados, os autores destacam que é necessário haver transparência e usar conjuntos de indicadores-padrão validados que já foram desenvolvidos e usados por outros, de preferência internacionalmente.
Breno de Faria
Para o presidente da Unimed Goiânia, Breno de Faria, “qualquer mudança deve ser precedida de estudos criteriosos e amplas discussões dentro das próprias organizações, para garantir a participação de todos os envolvidos, cooperados e prestadores, por exemplo”.
Experiência da Unimed Goiânia
Experiência desenvolvida na Unimed Goiânia tem chamado atenção de outras Unimeds
Na Cooperativa, já estão sendo adotadas algumas metodologias diferentes como o Diagnosis Related Groups (DRG), também conhecida como Grupo de Diagnósticos Relacionados. “Estamos implantando o DRG, a metodologia de gerenciamento de custos e da qualidade assistencial, que permite a elaboração de pacotes - clínicos e cirúrgicos - para a comercialização de serviços hospitalares, tendo como base informações coletadas a partir da internação de pacientes”, explica o presidente.
A experiência desenvolvida aqui tem chamado a atenção de outras Unimeds, como a Unimed Federação Paraná e a Unimed Curitiba, que visitaram a Cooperativa para conhecê-la. E também já foi apresentada como case de sucesso na reunião dos Subcomitês de Hospitais e Pronto Atendimento, em 2016. "A repercussão econômica é importante e estimula a qualidade do atendimento. O grande desafio é a qualidade das informações coletadas, para isso é necessário um bom treinamento", acrescenta o presidente.
Existem outros experimentos de tratamento diferenciado, segundo a qualidade e o desempenho em andamento na Cooperativa: o Programa Quali Pres, para qualificar e classificar o desempenho e os recursos disponíveis na rede hospitalar, atendendo também às diretrizes da Resolução Normativa 267 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS); e o Projeto Parto Adequado, com o objetivo de aumentar o índice de partos normais. Para atingir essa meta, foi implantada uma nova forma de remuneração que considera percentuais anuais e bonifica cooperados e prestadores progressivamente.
Fonte: International Journal of Healthcare Management e Unimed Goiânia.