Projeto OncoRede propõe novo modelo de cuidado ao câncer
Projeto OncoRede
O câncer é um dos maiores desafios para os sistemas de saúde. No Brasil, é a segunda causa de morte na população, e o número de casos tem crescido progressivamente, sendo estimadas 596 mil novas ocorrências apenas este ano. Para enfrentar esse cenário, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) está propondo a implantação de um novo modelo de cuidado em oncologia para os beneficiários de planos de saúde.
O lançamento do projeto ocorreu no dia 5 de outubro e teve a participação da Unimed Goiânia. Estiveram presentes o diretor de Planejamento e Controle, Dr. Breno de Faria, e o consultor do Programa de Atenção à Saúde (PAS), Daniel Peixoto de Albuquerque.
O projeto OncoRede, elaborado em parceria com institutos de pesquisa e representantes do setor, propõe um conjunto de ações integradas capazes de reorganizar e aprimorar a prestação dos serviços de saúde. Os resultados esperados são um diagnóstico mais preciso da situação atual do cuidado oncológico, o estímulo à adoção de boas práticas na atenção ambulatorial e hospitalar e melhorias nos indicadores de qualidade da atenção ao câncer na saúde suplementar.
Dr. Breno de Faria
"A Unimed Goiânia irá participar do projeto, que, de fato, traz muitas vantagens para nossos beneficiários", garantiu Dr. Breno de Faria.
Nesse momento, operadoras de planos de saúde e prestadores (hospitais e clínicas) interessados em implementar as medidas estão enviando à ANS seus projetos. Ao longo de um ano, as experiências serão monitoradas e os modelos que se mostrarem viáveis poderão ser replicados para o conjunto do setor, de forma a estimular mudanças sustentáveis no sistema de saúde.
Martha Oliveira
“Hoje, pode-se dizer que o sistema de saúde brasileiro apresenta inúmeras barreiras para a continuidade do fluxo de paciente na rede assistencial, como a fragmentação da trajetória de cuidado em diferentes prestadores de serviços de saúde, sem que haja um compartilhamento das informações necessárias entre esses atendimentos. Isso acaba atrasando, dificultando o tratamento e piorando os resultados”, afirma a diretora de Desenvolvimento Setorial da ANS, Martha Oliveira.
Segundo a diretora, dois dos principais problemas que afetam diretamente a efetividade da atenção aos pacientes com câncer no Brasil dizem respeito à qualidade e integração do diagnóstico e das intervenções mais relevantes – quimioterapia, radioterapia, cirurgia -, e à ausência de coordenação do cuidado prestado nos diferentes níveis de complexidade da rede na saúde suplementar.
“Como o câncer exige um cenário de atenção tempestiva, de tratamentos continuados, prolongados, complexos e de alto custo, é fundamental que, da suspeita do câncer ao tratamento e até o acompanhamento desses pacientes, haja uma profunda articulação de todo esse processo para que se possa observar a melhoria dos desfechos clínicos e a redução nas taxas de mortalidade”, destaca.
Ações
Com base nessas constatações, o modelo proposto pela ANS contempla ações de promoção, prevenção e realização de busca ativa, para que sejam feitos o diagnóstico precoce, a continuidade entre o diagnóstico e o tratamento, a informação compartilhada, o tratamento mais adequado e em tempo oportuno, com articulação da rede e inserção da figura do navegador ou assistente de cuidado, para garantir que o paciente com suspeita ou diagnóstico de câncer consiga seguir o percurso ideal para o cuidado: pós-tratamento e outros níveis de atenção (cuidados paliativos); e a proposição de novos modelos de remuneração que garantam a sustentabilidade econômico-financeira do setor.
Para aprimorar o rastreamento de cânceres passíveis de detecção precoce, está sendo proposta a realização de um estudo que permita as operadoras e prestadores medirem o número de exames esperados em sua população, identificarem o caminho a ser percorrido pelo paciente após a suspeita de câncer e definirem indicadores de monitoramento do acesso, da qualidade e do nível de coordenação do cuidado.
Em relação ao diagnóstico, é necessário que sejam estabelecidas rotinas e requisitos mínimos de qualidade e continuidade do cuidado, a fim de garantir o tratamento apropriado e oportuno, baseado em protocolos terapêuticos e nas melhores práticas disponíveis.
Incidência
Mais de cinco milhões de novos casos de câncer são diagnosticados nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a cada ano - cerca de 261 casos por 100.000 pessoas. As neoplasias malignas são responsáveis por mais de um quarto de todos os óbitos. Em termos de potencial de vidas perdidas por ano, é um problema maior que infarto agudo do miocárdio.
Dados recentes publicados no documento Health at a Glance 2015 mostram que, em muitos países, as taxas de mortalidade por câncer nos homens são pelo menos duas vezes maiores do que entre as mulheres, devido, em parte, a maior prevalência na população masculina de fatores de risco como fumo e consumo excessivo de álcool, associados ao diagnóstico tardio.
No Brasil, os principais tipos de neoplasias que ocorrerão no país serão, por ordem de incidência, os de pele não melanoma (para ambos os sexos), de próstata e de mama.
Parceiros
O projeto OncoRede tem as seguintes instituições parceiras: AC Camargo Câncer Center; Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR); Fundação do Câncer; Grupo COI/UHG/AMIL; Instituto Oncoguia; Optum; Sociedade Brasileira de Citopatologia (SBC); e Sociedade Brasileira de Patologia (SBP).
Premissas do novo modelo
Cuidado centralizado no paciente;
Informação completa e qualificada;
Screening e diagnóstico precoce e de qualidade;
Articulação da rede de cuidado e acompanhamento do paciente.
Principais medidas
Laudo integrado de exames que facilite e torne mais efetivo o tratamento;
Sistema de registro eletrônico de saúde para que a informação seja compartilhada entre os profissionais que realizam o cuidado e pelo próprio paciente;
Alerta de exames críticos para garantir que os resultados cheguem ao paciente e ao médico;
Times multiprofissionais e grupos de decisão para a melhor definição de linhas de cuidado;
Articulação da rede de estabelecimentos que irão cuidar do paciente;
Assistente do cuidado para acompanhar percurso assistencial e monitorar dificuldades do paciente;
Estruturas de cuidado paliativo e tratamento de suporte, em especial para quem não teve resposta aos demais tratamentos;
Capacitação e treinamento de profissionais;
Rastreamento adequado, de alta sensibilidade, reprodutibilidade e com evidências de que os benefícios potenciais superam os danos físicos e psicológicos;
Modelos diferenciados de remuneração de prestadores, com foco na qualidade e nos resultados do paciente, e não no volume de procedimentos.