Variação do Custo Médico Hospitalar é um desafio mundial
Alexandre Ruschi
Em artigo recente publicado no Jornal de Brasília, em 15 de junho, o presidente da Central Nacional Unimed (CNU), Alexandre Ruschi, abordou o aumento mundial do índice considerado a “inflação da medicina, a Variação do Custo Médico Hospitalar (VCMH), demonstrando a urgência na mudança da forma como são pagos os serviços de assistência médico-hospitalar. Veja a íntegra do artigo.
Desafio Mundial
O aumento explosivo de preços já foi um dos maiores problemas brasileiros. Em 2017, porém, a inflação foi inferior a 3% e não deve superar 4% este ano. Mas há um índice bem superior e que é comum em diversos países. A Variação do Custo Médico Hospitalar (VCMH), “inflação da medicina”, foi, em média, 3,4 vezes maior do que o custo de vida brasileiro no ano passado, segundo as consultorias Aon, Mercer e Towers. Nos Estados Unidos, essa diferença atingiu 3,7 vezes; na Grécia, 6,3, e no Canadá, 4,7.
Podemos atribuir grande parte desses valores à crescente longevidade, com aumento das patologias crônicas e degenerativas, desperdícios na utilização de serviços médicos, além do uso indevido de tecnologias. Isso porque a medicina é a única área em que mais tecnologia implica custos crescentes. No Brasil, ainda enfrentamos uma equivocada judicialização da saúde.
Para que os planos de saúde não quebrem, é urgente mudar a forma como são pagos os serviços de assistência médico-hospitalar. Há que acelerar a transformação do modelo assistencial para atenção integral à saúde, em que a maior parte dos casos é solucionada pelo médico de referência e sua equipe.
Quando essas discussões surgem, é comum virem junto as acusações contra os planos de saúde privados. O que poucos sabem é que esse é um setor com pouca ou quase nenhuma lucratividade. Basta uma rápida olhada nos demonstrativos financeiros. Então, não se justificam as teorias de que trabalhamos para enriquecer. Não fosse a saúde suplementar, que representa praticamente metade dos investimentos nacionais em saúde, 50 milhões de brasileiros estariam desassistidos. De 1940 a 2016, a expectativa de vida aumentou 30 anos, em média, no Brasil. Alguém terá que dar conta de um eficiente sistema de saúde. E isso não acontecerá enquanto a saúde suplementar for vista como vilã.