A taxa de mortalidade de crianças com menos de cinco anos caiu na maioria dos países desde 1990. Para alcançar as metas determinadas pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), no entanto, muitos países terão de correr atrás do prejuízo. É o que mostra o relatório Progress for Children, divulgado pelo Unicef, ontem, em Nova York. De acordo com representantes do organismo da ONU, a taxa anual de redução da mortalidade infantil deveria passar do atual 4,4% para 7,5% em todo o mundo para se alcançar as Metas do Milênio da ONU, fixadas para 2015.
A diretora-executiva do Unicef, Carol Bellamy, destacou que, enquanto 90 países estão no caminho certo para reduzir a mortalidade em dois terços em relação aos valores de 1990, 98 países estão bem longe de suas metas. De acordo com a diretora regional do Unicef para a África Central e Ocidental, Rima Salah, nesse ritmo, a taxa de mortalidade de crianças só será reduzida em um quinto.
O Brasil está bem no ranking do Unicef. O país conseguiu diminuir em 4,3% as taxas de mortalidade infantil, tendo que alcançar uma redução anual de 4,5% nos próximos 11 anos. No entanto, os números considerados aceitáveis escondem as disparidades entre as regiões do país. Alguns países, como os Estados Unidos e o Japão, surpreenderam pelos baixos resultados. Nos últimos dez anos, os norte-americanos só reduziram em 1,9% a mortalidade infantil, enquanto o Japão diminuiu o número de crianças mortas em 1,5%. As metas para esses dois países até 2015 é de 6,8% e 7%, respectivamente.
Exemplo
O bom exemplo foi dado por Malta, Malásia, Egito e Portugal, com taxas de progressos de cerca de 8% - acima da média internacional de 4,4%. Salah explicou que a razão do bom desempenho é \'\'o compromisso por parte dos políticos e o orçamento que destinam ao setor da saúde\'\', o que permite realizar campanhas de vacinação e programas de assistência e educação de mulheres grávidas, além de ter infra-estruturas de saúde adequadas.
A América Latina foi a região que mais melhorou na última década. Os países latinos tiveram uma taxa anual de redução da mortalidade infantil de, em média, 4%. Peru, Equador, Bolívia e República Dominicana progrediram, ao contrário da Venezuela, que deverá aumentar de 1,7% para 6,9% sua taxa de redução da mortalidade infantil, afim de alcançar o objetivo das Metas do Milênio.
Os países com piores taxas são liderados por Iraque, seguido de Botsuana, Zimbábue, Suazilândia, Quênia, Camboja, Camarões e Costa do Marfim. O Unicef ainda destacou que a disparidade entre países desenvolvidos e em desenvolvimento ainda é considerável. As taxas de mortalidade variam entre sete crianças mortas para cada mil nascidas vivas nos países desenvolvidos e 280 em países como Serra Leoa.
Fonte: Correio Braziliense
08/10/04