O primeiro transplante de medula óssea realizado no Brasil com sangue de cordão umbilical encontrado na rede Brasilcord foi um sucesso. A paciente de nove anos que recebeu a amostra de sangue de cordão umbilical de um doador brasileiro teve alta na tarde da última segunda-feira (01/11). O procedimento foi realizado no Hospital Amaral Carvalho, em Jaú, interior de São Paulo, no início de Outubro (08/10).
O receptor do transplante desenvolveu leucemia linfóide aguda. Há um ano esse paciente aguardava por um doador compatível. O Hospital Amaral Carvalho, de Jaú, é uma instituição filantrópica que desde 1996 realiza transplante de medula óssea pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O médico hematologista infantil Marcos Mauad diz que a recuperação da paciente é excelente. Após 18 dias da infusão do sangue de cordão umbilical, a menina apresentou aumento na taxa de leucócitos. Hoje, ela está com 1,3 mil glóbulos brancos, caracterizando a pega da nova medula óssea. Após a alta, a paciente voltará ao hospital diariamente para realizar exames, receber medicação e para que a equipe médica acompanhe a evolução do enxerto de medula.
O sangue de cordão umbilical compatível utilizado no transplante foi descoberto entre os 700 cordões armazenados no Banco de Cordão Umbilical do Instituto Nacional do Câncer (Inca), coordenado pelo médico Luiz Fernando Bouzas. O banco do Inca é a primeira unidade pública do país a funcionar e um dos dez bancos que compõem a Rede Pública de Bancos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário - Brasilcord (leia abaixo) -, que foi inaugurada em setembro pelo Ministério da Saúde. Antes da criação da Brasilcord, o Brasil sempre precisou recorrer a amostras de sangue de cordão umbilical em bancos no exterior.
Brasilcord - A primeira rede de banco público de sangue de cordão umbilical e placentário (Brasilcord) do Brasil foi criada no dia 24 de setembro. A meta do Ministério da Saúde é coletar quatro mil cordões umbilicais por ano. No decorrer de cinco anos, toda a diversidade étnica brasileira será coberta com 20 mil amostras.
Além de aumentar de 35% para 90% a probabilidade de encontrar um doador compatível, o banco de sangue de cordão umbilical brasileiro vai contribuir com a redução de gastos na busca desse doador. Para buscar e obter células de cordão umbilical compatíveis para transplante de medula óssea, o Brasil gasta, em média, U$ 23 mil por cordão. Com a implantação da rede de bancos brasileiros, esse custo será de U$ 2 mil por cordão no primeiro ano de funcionamento da rede.
Fonte: Ministério da Saúde
04/11/04