arquivo-noticias - Unimed Goiânia

Hormônio Concentrador de Melanina






Confira a entrevista cedida ao site Fundação Unimed com o Prof. Dr. Licio Augusto Velloso, Imunologista, docente e chefe do laboratório de Sinalização Celular da Faculdade de Ciências Médicas(FCM) da Universidade Estadual de Campinas(Unicamp).

1- No que consiste a pesquisa envolvendo o Hormônio Concentrador de Melanina (MCH) ?

O hormônio concentrador de melanina é produzido por alguns neurônios bastante especializados que se localizam em uma região do cérebro denominada Núcleo Hipotalâmico Lateral.

A nossa pesquisa revelou que este hormônio participa do controle da fome e principalmente do gasto energético. Sabe-se hoje que, para que uma pessoa desenvolva obesidade, além de ocorrer aumento do consumo de alimentos, há a necessidade também de uma redução do gasto energético.

Assim mecanismos controladores do gasto energético devem desempenhar um papel importante no desenvolvimendo de obesidade e por conseguinte de outras doenças associadas a obesidade como a diabetes, principalmente.

2- Quais as ações do MCH?

O MCH promove aumento da fome e principalmente redução do gasto energético. Ele exerce esta última função induzindo de forma involuntária uma redução da movimentação, ou seja, níveis elevados de MCH no cérebro talvez levem a uma menor disponibilidade para desenvolvimento de atividades físicas.

Tal fato é bem documentado em animais de laboratório, porém, em humanos não existem dados disponíveis até o momento.

3- Qual a relação do MCH, a leptina e a resistência à insulina?

O controle da produção de MCH no cérebro é dependente de uma ação adequada da leptina e da insulina no cérebro.

Tais hormônios inibem a produção de MCH. Assim, em situações onde ocorre resistência à insulina e possivelmente à leptina, como em diabetes, a produção de MCH não seria inibida adequadamente, mesmo na presença de níveis elevados de leptina e insulina no sangue. Desta forma, os efeitos do MCH seriam exercidos sem controle adequado, gerando o aumento da fome e redução do gasto energético.

4- Como funciona o modelo experimental da pesquisa?

Para caracterizar a atividade do MCH nós utilizamos um modelo animal de exposição ao frio. Quando mamíferos são expostos ao frio há uma necessidade de aumentar a produção de calor corporal para que não ocorra uma queda gradativa da nossa temperatura, que, deve ser mantida em torno de 36.5 graus Celsius. Nesta situação, há aumento da fome e controle do dispêndio energético. O MCH se torna elevado e desempenha um papel importante neste controle.
 
5- Quais os resultados obtidos até o momento com essa pesquisa?

Os resultados, como dito acima, revelam que o MCH realmente tem um papel muito importante no controle do peso corpóreo pois, pode simultaneamente, exercer um efeito regulador sobre a fome e o gasto energético.

6- Existe uma previsão para começarem os ensaios clínicos em humanos?

Não. Testes com novas drogas só chegam a humanos quando se esgotarem os testes com animais, os quais podem demorar mais do que 5 anos.

7- Que solução inovadora essa pesquisa traria no tratamento do diabetes e da obesidade?

Caso seja útil para o tratamento de humanos obesos, uma droga que iniba o MCH deve levar a perda de peso por aumentar o gasto energético. No momento, nenhuma das drogas existentes no mercado possuem tal efeito.
 
Fonte: Fundação Unimed
 Dr. Licio Augusto Velloso  
Imunologista, docente e chefe do laboratório de Sinalização Celular da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), coordena pesquisas ligadas ao Hormônio Concentrador de Melanina (MCH), que é um potencial alvo para ação terapêutica em diabetes e obesidade.

${loading}