O ponto de partida para uma gravidez tranqüila, tanto para a mulher com diabetes pré-gestacional, quanto para a portadora de diabetes gestacional, é o controle da doença. ¿Todas as gestações diabéticas são consideradas de alto risco. Isto é, merecem cuidados especiais para que não haja complicações. Bem cuidados, mãe e filho evoluem bem¿, explica a endocrinologista Ingeborg Christa Laun.
A mãe tem um papel fundamental na hora de se proteger e ao seu bebê. Para isto, não basta estar em dia com os exames solicitados pelo ginecologista ou endocrinologista nas oito primeiras semanas de gestação. Ao longo da gravidez a gestante deve-se render às dietas de uma nutricionista, às ultra-sonografias e aos testes com o glicosímetro quatro vezes ao dia. É importante o comprometimento com o controle de peso, da pressão arterial, de possíveis infecções urinárias e a vigilância ostensiva em relação à pré-eclâmpsia.
¿É desejável que as gestantes previamente diabéticas tenham uma gestação planejada. Elas devem ser investigadas quanto à presença de retinopatia, nefropatia, e/ ou neuropatia diabética, assim como de doença macrovascular. Algumas destas complicações são, inclusive, contra-indicações relativas para a gestação¿, esclarece a Dra. Ingeborg.
As preocupações da mãe
Uma das dúvidas mais freqüentes em relação ao bem-estar do feto nessa gestação diz respeito a sua futura condição de criança com diabetes. As chances da mãe com diabetes gerar um bebê com a doença oscila entre 1 e 2%.
¿É muito raro que o bebê nasça com diabetes (hiperglicemia). A hipoglicemia neonatal é uma das complicações freqüentes e é rotineiramente vigiada no berçário. O risco de obesidade e diabetes tipo 2 na adolescência e na vida adulta é grande, mas poderá ser minimizado pelo controle glicêmico materno estrito durante a gravidez¿ afirma a Dra. Ingeborg.
Ainda sobre a herança genética do diabetes, a Dra. Ingeborg é enfática ao afirmar que, caso a criança tenha essa predisposição, poderá desenvolvê-la em qualquer faixa etária. ¿Estudos sobre a incidência de diabetes tipo 1 em filhos com um dos pais diabéticos concluíram que: em torno dos 20 anos de idade, 6,1% dos filhos de pais diabéticos tinham diabetes, contra 1,3% dos filhos de mães com diabetes. Assim, o diabetes tipo 1 seria transmitido menos freqüentemente pelas mães¿, completa a especialista.
Antidiabéticos orais cedem vez à insulina
Segundo a Dra. Ingeborg, a insulinoterapia é a única forma de tratar a hiperglicemia na portadora do diabetes durante a gravidez. E alerta: ¿Freqüentemente, não se consegue um controle metabólico satisfatório com o uso de drogas orais.¿
Sobre a insulina, a Dra. Ingeborg ressalta que, à medida que a gestação avança, a necessidade de insulina aumenta e essa prática quer dizer que está tudo bem com a placenta e que não há motivos para sustos. Vale um lembrete: a insulina não atravessa a placenta. O que passa livremente pela placenta é a glicose.
Quanto ao parto, a escolha entre o normal e cesariana deve partir do obstetra. No entanto, para as gestantes com diabetes tipo 1 a indicação é a cesárea. Segundo a Dra. Ingeborg, não há uma indicação a respeito do tempo ideal de gestação. A não ser que haja sofrimento do bebê, respeita-se as trinta e oito semanas. ¿A gestante pode e deve ter uma participação ativa em todo o processo. Como no próprio diabetes, as coisas mais importantes são a aceitação, a mudança de comportamento e a adesão ao tratamento¿, ensina a Dra. Ingeborg Laun.
Estatísticas Brasileiras
No censo brasileiro de diabetes gestacional de 1989, no qual a incidência demonstrada é de 7,6% , considera-se o diabetes e a intolerância à glicose gestacionais. No Rio de Janeiro a incidência é bem maior que a média nacional: 12%. A especialista afirma que há trabalhos que mostram incidência de uma gestação de portadora de diabetes tipo 1 para cada 1.000 gestantes.
Segundo a Dra. Ingeborg, considerando o grande número de mulheres com diabetes tipo 2 em idade fértil, podemos afirmar que se trata de um problema de saúde crescente, que demanda atenção dos especialistas (obstetras e clínicos) e das autoridades de Saúde Pública.
Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes
21/11/2005