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Tuberculose volta a preocupar Goiás






O percentual de cura da tuberculose em Goiás está abaixo do recomendado pelo Ministério da Saúde: 85%. Até junho deste ano, o índice atingiu 51,1%. Em 2005, o número foi de 52%. Especialistas dizem que o baixo controle se deve ao fato de os pacientes abandonarem o tratamento. No Hospital de Doenças Tropicais de Goiânia (HDT), a desistência chega a mais de 15%. Além desta dificuldade, o Ministério da Saúde destina 0,3% do orçamento da Saúde para o controle da tuberculose, segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), valor considerado insuficiente para realizar o serviço básico e as campanhas de prevenção da doença.

O secretário estadual de Saúde, Cairo de Freitas, alega que o baixo incentivo do MS é devido à despreocupação com prevenção. De acordo com o secretário, o Estado recebe, em média, R$ 200 por paciente. "É baixo e deficiente. É necessário investir nas campanhas educativas", afirma.

Cairo explica que mesmo com a quantia recebida, Goiás tem conseguido diminuir a taxa de incidência da tuberculose. A média, de acordo com o secretário, é de 20,1 novos casos por 100 mil habitantes por ano (de 1999 a 2006). Ele comenta que o fato de os remédios serem produzidos no Estado gera diminuição nos custos. A falta de campanhas educativas e o abandono no tratamento são confirmados pelos médicos. O motivo da desistência, muitas vezes, está relacionado à falta de condições socioeconômicas dos pacientes.

De acordo com o médico infectologista do Programa de Controle da Tuberculose do HDT, João Alves de Araújo Filho, grande parte dos pacientes que passam por lá são pobres e não conseguem prosseguir o tratamento. "É população carente até de informação. Muitos têm Aids, são alcoólatras e viciados em drogas. Alguns desistem porque não têm dinheiro para transporte", revela. Outros motivos, como a falta de paciência em esperar o final do tratamento, estimado em seis meses caso a doença seja detectada no começo, desanimam os pacientes. O médico diz também que a falta de programas de habitação contribui para o aumento dos casos. O fato de a doença se espalhar pelo ar e muitas pessoas conviverem no mesmo ambiente favorece a transmissão.

A dona de casa Elaine Saturnino de Souza, 27, é uma das pacientes que desistiu do tratamento e comprova as estatísticas da Vigilância Epidemiológica do Estado. Não por condição financeira, mas porque não se sentia bem com o tratamento. "Eu me senti muito mal. Vomitava muito. Por isso resolvi parar", revela.

Há três meses ela descobriu que tinha a doença. Como piorou o estado de saúde depois de parar de tomar os remédios, procurou o médico e teve de ficar internada, isolada por mais de dez dias, para recomeçar o tratamento. Hoje, completados os 18 dias de internação, garante que não irá abandonar novamente. "Nossa Senhora! Vou tomar todos os remédios certinho. Eu estava muito ruim. Não tinha esclarecimento e hoje eu tenho. Tuberculose tem cura, é só cuidar, senão vai pro saco mesmo", comenta.

Fonte: Diário da Manhã
27/10/2006

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