(*) Dr. Ary Monteiro do Espírito Santo
Hoje, a capitalização é uma necessidade inerente à sobrevivência da Cooperativa no mercado de planos de saúde, em razão das exigências do órgão regulador dos planos de saúde no país, a Agência Nacional de Saúde (ANS).
Pode parecer contraditório que a Unimed Goiânia, uma cooperativa, tenha essa necessidade. Mas esse fato é fruto da Lei 9.656/98 que, apesar de ter gerado melhorias no mercado de medicina suplementar (a retirada dos planos de saúde sem lastro comercial do setor, que significava concorrência desleal), impôs elementos mercantis na identidade das Cooperativas Médicas como operadoras de planos de saúde complementar.
A partir dessas novas regras e as normatizações expedidas pela ANS, as Cooperativas de Trabalho Médico, operadoras de planos de saúde, passaram a ter a capitalização como uma exigência da legislação atual, que determina um capital mínimo e garantias financeiras das provisões técnicas entre outras atribuições próprias de sociedades securitárias.
Resumindo: apesar da Unimed ser uma cooperativa, como operadora de planos de saúde, ela está inserida no mercado e sua estabilidade, assim como de qualquer outra empresa, é medida pelo seu capital. Quanto mais capital, mais demonstração de estabilidade, perante seu segmento e ao mercado em geral.
É nesse contexto que até dezembro próximo, a Unimed Goiânia precisa realizar um aporte financeiro substancial para atender a essas exigências da ANS e do próprio mercado.
A grande diferença entre a Cooperativa e uma empresa mercantil é que esta última reverte seus lucros para apenas um ou dois grandes acionistas, ou seja, utiliza o trabalho para remunerar o capital, enquanto a primeira divide suas sobras e juros entre todos os seus médicos Cooperados, ou seja, o capital remunera o trabalho.
Nesse cenário, a capitalização na Cooperativa, a partir da ampliação da cota parte do Cooperado deve ser compreendida como uma poupança, que possui correção e valorização como um patrimônio financeiro de cada Cooperado. Mesmo porque, ao deixar a Cooperativa o colega Cooperado recebe o valor de sua cota parte devidamente corrigido.
A partir de 1999, a Cooperativa adotou o pagamento de juros da cota parte buscando uma nova forma de ganho para o Cooperado. O ganho será sempre proporcional à cota parte - quanto maior, mais rendimento anual.
Do ponto de vista da Cooperativa, a capitalização é um dinheiro a custo zero, que proporciona investimentos para melhorar, no futuro, o trabalho e o ganho dos Cooperados. Por exemplo: investimentos em infra-estrutura física, equipamentos e tecnologia, melhoram o atendimento, atraindo novos clientes, ou seja, vende mais; e conseqüentemente permite o aumento do ganho do Cooperado.
Nesse momento, é oportuno ampliar o debate em torno da forma de realizar a capitalização da nossa Unimed Goiânia, uma vez que é inevitável.
Na minha opinião, devemos buscar a atualização dos valores da cota parte para promover a capitalização exigida. Explico: os colegas Cooperados que ingressaram até 31 de dezembro de 2002, possuem uma cota parte que gira em torno de R$ 1.000,00. A partir de 2003, o valor da cota parte para quem ingressava, saltou para cerca de R$ 12.000,00.
Considero oportuno atualizar esses valores, reduzindo essa grande diferença, sem, no entanto, equipará-los aos R$ 12 mil ou 13 mil atuais, considerando que seria muito oneroso de uma só vez. Pode-se pensar em valores intermediários de até R$ 8 mil em etapas.
O mais importante a ser considerado é que o desembolso desses valores, além de fortalecer a fonte de renda de cada Cooperado (a Cooperativa), não representa um gasto, mas um investimento, uma poupança que gera dividendos todos os anos.
(*) Dr. Ary Monteiro do Espírito Santo,
diretor Econômico-Financeiro da Unimed Goiânia.